Coletivo denuncia ameaças de demissão de trabalhadoras com doenças ocupacionais

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Publicado Sexta, 23 de Setembro de 2011 às 10:39, por: CdB

O Coletivo de Mulheres Hondurenhas (Codemuh) lançou comunicado ontem (22)em que denuncia ameaças, por parte da montadora Delta Apparel Honduras, afuncionárias com doenças ocupacionais. As trabalhadoras procuraram a Secretariado Trabalho, que deu pareceres para realocação em postos de trabalho. Porém, aempresa não fez a realocação e passou a perseguir as mulheres, caluniando-ascomo "preguiçosas e vegetais”.

"Devemos permanecer vigilantes para deter estasafrontas. E exigir da empresa Delta Apparel Honduras o respeito à estabilidadelaboral das trabalhadoras e a realização de estudos econômicos em suas plantasmontadoras para prevenir os danos à saúde pelo exercício da atividade laboral”,conclamam, ao passo em que cobram da Secretaria de Trabalho a garantia dosdireitos das trabalhadoras.

Com o desrespeito, as funcionárias denunciaram ocaso à Secretaria do Trabalho, mas ainda assim os representantes da Delta Apparel continuaram a intimidá-las,alegando que não havia postos de trabalho para elas, dizendo que não estavamaptas a trabalhar. Sobre isto, o Codemuh ressalta que não corresponde àverdade, uma vez que a incapacidade tem de atingir os 66% para que otrabalhador seja aposentado, o que não é o caso das funcionárias da montadora.

"[Os empresários] Demonstramsua falta de compromisso e de respeito aos direitos humanos-trabalhistas dasmulheres trabalhadoras, já que é evidente a negativa em modificar ou adaptar ospostos de trabalho”, ressalta o coletivo, temendo a demissão que deixará astrabalhadoras sem assistência médica.

As mulheres fazem tratamento médico no Instituto Hondurenho de SeguridadeSocial (IHSS) e os pareceres de qualificação de risco como enfermidadeprofissional estão em tramitação.

Ainda no mês passado, o Codemuh já havia alertado sobre a situaçãoprecária enfrentada nas montadoras. Em comunicado, solicitou que a Justiçatomasse providências, pois, segundo as trabalhadoras, tanto na Delta ApparelHonduras quanto na Delta Apparel Cortés há exploração e violação dos direitoshumanos e trabalhistas, de forma "ininterrupta e sistemática”.

As mulheres chegam aenfrentar cargas de 32 horas, sofrendo perseguições e represálias em prol documprimento de altas metas de produção. Quando apresentam problema de saúde, oseguro demora a sair e as avaliações chegam a demorar um ano. Enquanto isso, atrabalhadora continua a exercer a mesma função que a adoece, sob as mesmasmetas, agravando mais ainda o quadro.

Denúnciassobre as irregularidades foram enviadas em junho à Inspetoria Regional doTrabalho, que não havia respondido nada até agosto.

Montadoraslucram cada vez mais

À custade altas metas de produção e condições insalubres de trabalho, as montadorasinstaladas em Honduras conquistam altos lucros e puseram o país na 5ª posiçãoem exportação de roupas para os Estados Unidos.

De acordocom o Banco Central de Honduras (BCH), entre janeiro e março deste ano, o lucrocom exportações foi de 859,2 milhões de dólares. O valor representa aumento de16% nos lucros, comparado com o mesmo período de 2010.

Aindaassim, as empresas estão insatisfeitas, e, por isso, estão migrando para paísesvizinhos, como Nicarágua e El Salvador, em busca de mão de obra mais baratapara explorar. Até o março deste ano, 21 montadoras haviam saído de Honduras.

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