A ausência de casos de doping na atual Olimpíada de Inverno é uma prova de que os Jogos estão gradualmente eliminando as trapaças, disse na segunda-feira o médico-chefe do Comitê Olímpico Internacional (COI).
A Olimpíada de Vancouver, de 12 a 28 de fevereiro, já realizou mais de dois terços dos 2.100 exames antidoping previstos, todos com resultado negativo - exceto no caso de um atleta da Rússia advertido por usar um estimulante leve, em 6 de fevereiro.
– Certamente estamos tendo Jogos cada vez mais limpos – disse o médico Arne Ljungqvist à Reuters.
– O padrão parece estar bastante claro: (...) as pessoas estão sendo mais apanhadas antes que se tornem olímpicas, e encontramos cada vez menos (doping) durante os Jogos – completou.
O COI incentiva agências antidoping e federações desportivas a intensificarem a vigilância nos meses anteriores às Olimpíadas, e cerca de 30 atletas de vários países foram flagrados antes do evento de Vancouver.
Ljungqvist disse que o desempenho dos atletas em torneios como o Mundial de Atletismo de Berlim no ano passado também indicam que as grandes competições estão ficando mais limpas.
– As pessoas ganharam medalhas de ouro em Berlim com desempenhos que não teria nem lhes classificado para a final da sua competição na Olimpíada há 20 anos – disse ele.
De acordo com Ljungqvist, o COI também está a par das novas substâncias desenvolvidas por laboratórios farmacêuticos, que podem chegar a mãos desonestas antes de aparecerem no mercado.
As amostras colhidas nos Jogos de Vancouver serão mantidas por oito anos, para que eventuais novas substâncias também possam ser examinadas.
– Há um fluxo constante de novas substâncias no mercado – disse o sueco de 78 anos, que também é vice-presidente da Agência Mundial Antidoping.
– Há novas gerações de EPOs (hormônio proibido no esporte) ou de substâncias para tratar as pessoas que têm anemia ou dificuldades com a sua qualidade sanguínea. Estamos mantendo as amostras (dos atletas) para este propósito – disse.
Na Olimpíada de Pequim-2008, cinco atletas foram punidos, inclusive o campeão dos 1.500 metros, Rashid Ramzi, que teve sua medalha cassada meses depois da competição, quando um novo teste apontou a presença da substância Cera EPO.
– Não temos pressa – disse Ljungqvist, que disputou a competição de salto em altura na Olimpíada de Helsinque-52.
– Usuários de doping sabem que podem não ser derrotados hoje, mas podem ser amanhã – analisou.
Rio de Janeiro, Quinta, 28 de Março de 2024
COI vê menos ameaça de doping em Olimpíadas
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Publicado Terça, 23 de Fevereiro de 2010 às 08:16, por: CdB
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