Ciro Gomes: governo deve alterar rumos da política econômica

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Publicado Quarta, 04 de Novembro de 2015 às 09:16, por: CdB
Por Redação, com ABr - de Brasília: O ex-ministro Ciro Gomes disse, na terça-feira, no programa Espaço Público, da TV Brasil, que a presidenta Dilma Rousseff está conciliando com os opositores que pedem o seu afastamento do cargo e que o governo deveria alterar os rumos da política econômica para recuperar o apoio popular. - Neste momento, a Dilma está fazendo o oposto, estamos numa escalada golpista que é a mesma rigorosamente, os mesmos atores, partícipes, a presidenta está conciliando com aqueles que nos fazem a perseguição e isso torna esta crise mais explosiva que aquela - disse o ex-governador do Ceará ao comparar a situação de crise vivida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2005 e a situação atual.
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Em entrevista, Ciro Gomes disse, ainda, que o governo deveria trabalhar pela saída de Eduardo Cunha
Na ocasião, Lula também enfrentava forte oposição na Câmara dos Deputados, em razão do mensalão, que acabou elegendo o ex-deputado Severino Cavalcanti como presidente da Casa. Ciro comparou a eleição de Severino com a do atual presidente, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a quem acusa de intimidar o governo com a possibilidade de abertura do processo de afastamento. - A Dilma teve sorte de o Ministério Público (MP) da Suíça ter mostrado que o picareta-mor da República é formador de quadrilha. A história brasileira tem sido muito farsante. Só para relembrar: Severino foi cassado naquela ocasião por receber um cheque de R$ 10 mil mensais de um dono de lanchonete - analisou. Segundo Ciro, o governo deveria trabalhar pela saída de Cunha. Ele disse que o deputado ainda mantém apoio na Câmara por ter “distribuído” parte desses recursos, atribuídos a ele, no financiamento de campanha de outros parlamentares. Ciro lembrou que, de acordo com o Ministério Público suíço, “R$ 411 milhões circularam nas contas e ele [Eduardo Cunha] mentiu dizendo que não tinha conta”. Na entrevista, o ex-governador do Ceará condenou duramente a tentativa da oposição, liderada pelo PSDB, de abrir um processo de impeachment de Dilma. Para ele, a oposição não aceitou o resultado das eleições e quer “pegar um atalho” para chegar ao poder. “Boa parte do calor dessa crise deve-se a uma geração inteira de tucanos, para quem se a Dilma ficar no governo significa Lula mais oito anos a partir de 2018”. Decepção com Aécio Neves Além de criticar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Ciro, que já foi do PSDB e ex-ministro da Fazenda de Itamar Franco, se disse decepcionado com o presidente da legenda, senador Aécio Neves (MG), a quem acusou de ter “desapreço às regras e ao calendário [eleitoral]”. Como pode um neto do Tancredo Neves escalar o golpe?”. Filiado ao PDT desde setembro, o ex-ministro lembrou episódios da história recente do país e que Tancredo acompanhou, como o suicídio do ex-presidente Getúlio Vargas, em 1954, e o golpe contra o então presidente João Goulart, em 1964, - O Tancredo estava na reunião que antecedeu o suicídio de Getúlio e foi contra o golpe militar, ele foi primeiro-ministro de Goulart, e o Aécio joga isso tudo na lata do lixo. Está ressentido porque o [Geraldo] Alckmin vem aí para tomar o lugar dele [na disputa presidencial] - disse. Ciro creditou boa parte da baixa popularidade do governo à atual política econômica e disse que isso não pode ser usado como argumento para pedir a saída de Dilma. - Baixa popularidade não é razão para impeachment - afirmou o político. Ele defendeu a redução na taxa Selic e afirmou que os juros altos só beneficiam os bancos. - O Brasil inteiro se ferrando, o povo indo pro brejo e os bancos ganhando 40% a mais do que ganharam no ano passado - completou. Questionado por um dos entrevistadores, Ciro aconselhou Dilma a demonstrar com gestos práticos à população que ela não foi enganada”, entre eles a mudança na política econômica. - Ela [Dilma] é séria, não cometeu nenhum crime e tem o direito de mudar [a política econômica], pois está administrando mal a economia - disse Gomes. Michel Temer Ciro acusou o vice-presidente Michel Temer de conspirar contra o governo e disse que “Temer está puxando o alambrado, basta comparar a postura dele com a do vice de Lula, José Alencar”. O ex-ministro da Integração Nacional de Lula fez críticas à atuação do ex-presidente, que, segundo ele, deveria adotar uma postura mais reservada diante do cenário político. - Ele está sendo uma figura ruim para o país ao se manifestar todo o tempo. Falo isso respeitosamente. Se ele não se recolher, vai perder a majestade - afirmou. Ciro apontou como sintomático dessa exposição o episódio em que o filho mais novo de Lula, Luís Cláudio Lula da Silva, foi intimado para depor na Polícia Federal, em procedimento considerado fora do usual por ter acontecido após as 23h. - Esse delegado foi arbitrário. Como você faz isso com um filho de um ex-presidente, assim se mais nem menos? - questionou. De acordo com Ciro, tanto Lula quanto FHC deveriam adotar uma postura de reserva diante do cenário político. - Um ex-presidente da República deve ficar calado de maneira que, quando ele abrir a boca, o país todo ouça e se comova - observou.
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