Cientistas estão perto de terminar um levantamento das criaturas invisíveis a olho nu que vivem no fundo dos oceanos do planeta. O projeto faz parte do Censo da Vida Marinha que deve ser concluído até outubro.
O censo vem sendo realizado há dez anos e envolve 14 projetos, dos quais quatro têm o objetivo de catalogar a variedade e a quantidade das criaturas microscópicas que estão no início da cadeia alimentar do planeta.
De acordo com os pesquisadores, é fundamental conhecer e entender essas espécies "invisíveis" para compreender o tamanho, a dinâmica e a estabilidade da cadeia alimentar, do ciclo de carbono e de outros processos fundamentais para a vida na Terra.
Entre as descobertas mais recentes está uma imensa colônia de micróbios na costa oeste da América do Sul que cobre uma área equivalente ao território da Grécia – que já está sendo considerada uma das maiores aglomerações de vida já vistas.
O Censo da Vida Marinha envolve mais de 2 mil cientistas de mais de 80 países, em uma das maiores colaborações científicas internacionais já realizadas.
'Vida nova'
Calcula-se que o número de micróbios nos oceanos fique na ordem de 10 à 30ª potência, ou 1 nonilhão.
Se fossem reunidas e retiradas do mar, as criaturas microscópicas pesariam o equivalente a 240 bilhões de elefantes africanos.
Estes seres constituem algo entre 50% e 90% da biomassa dos oceanos e são considerados vitais para o funcionamento do planeta.
No entanto, só nos últimos dez anos a tecnologia possibilitou revelar a extensão da diversidade de vida.
– Em nenhuma outra área da vida oceânica a magnitude das descobertas do censo foi tão extensa quanto no mundo dos micróbios –, disse o coordenador da pesquisa sobre micróbios, Mitch Sogin, do Laboratório de Biologia Marinha em Woods Hole, Massachussetts, nos Estados Unidos.
Banco de dados
A pesquisa extraiu amostras de 1,2 mil locais no mundo e criou um banco de dados com 18 milhões de sequências de DNA, todas de micróbios.
O resultado disso é que a comunidade científica está revendo dramaticamente estimativas anteriores de biodiversidade: podem existir até cem vezes mais gêneros (a categoria entre família e espécie) de micróbios do que se acreditava até então.
Até o momento, de acordo com o vice-presidente do conselho científico do projeto, John Baross, da Universidade de Washington, foram identificados e isolados cerca de 20 mil micróbios marinhos.
No entanto, o censo indica que, dentro de um intervalo de tamanho determinado, mais de 20 milhões de tipos de bactérias vivam no oceano.
– O número total de espécies de micróbios marinhos, incluindo tanto dos grupos bacteria quanto archea, baseando-se na caracterização molecular, esteja provavelmente perto de 1 bilhão –, afirmou Baross.