Cid Gomes acusa elite nordestina de ganhar com <i>indústria da seca</i>

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Publicado Quarta, 21 de Março de 2007 às 09:02, por: CdB

Governador do Ceará, Cid Gomes (PSB) acusou a elite nordestina de se beneficiar com os recursos públicos destinados à indústria da seca. Segundo o irmão do deputado federal Ciro Gomes - provável candidato à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva - os recursos gastos pela União no combate à seca, na região, foi por muito tempo, "conveniente para a elite nordestina".

Embora tenha sido um problema amplamente discutido no país poucos políticos têm coragem de falar abertamente sobre o assunto. Grupos políticos e econômicos aproveitaram-se da seca da região Nordeste do Brasil em benefício próprio, como receber doações do governo e usá-las para si mesmos, além do voto de cabresto (no qual as mercadorias enviadas para ajudar o povo foram desviadas e usadas para comprar votos).

- Na sua opinião, até que ponto há motivos para comemorar o crescimento da Região Nordeste?

- O Nordeste está bem mais atrasado do que o Brasil. A região representa 30% da população e o PIB não chega a 18%. Já há um esforço de vários estados do Nordeste de industrialização que tem forte repercussão no crescimento do PIB da União. Os estados do Ceará, Bahia, Pernambuco e Paraíba têm um esforço muito grande na área de atração de investimento. Aí os sudestinos chamam de guerra fiscal, mas eu prefiro compreender isso sob outra ótica. Quem deveria promover política de redução de desigualdades regionais seria o governo federal e estou falando aqui historicamente, estou falando de décadas. Devido a essa omissão do governo, alguns estados começaram a investir nas suas próprias políticas.

- O que justifica o atraso?

- A gente vai falar de séculos. Um dos primeiros ciclos do Brasil colonial, o grande desenvolvimento aconteceu ali, em Pernambuco e na Bahia. Depois, o ciclo da mineração e agricultura do café. Esse eixo de desenvolvimento deslocou-se para lá. Na época de Getúlio, de Juscelino, com a localização das indústrias de base no Sudeste. Isso agravou as diferenças. A política não contribuiu para reverter a situação. No momento em que você tem boa parte da elite contemporizando com governos que concentravam o desenvolvimento no Sudeste, em função de migalhas, ou de manutenção de prestígio, pseudoprestígio, e permite a manutenção das oligarquias, ela pecou por omissão.

- A indústria da seca teve influência nesse atraso regional?

- Essa era uma das fontes pelas quais a elite se contentava em mandar migalhas. Mas a seca e a indústria que se aproveitou são uma realidade. Houve uma conveniência da elite nordestina. Mas também estou falando de solo, para a agricultura, características que permitam a utilização de máquinas modernas. A maior parte do nosso solo não possibilita esse tipo de agricultura, diferente do Sudeste, do Centro-Oeste, do Sul. Do Ceará, 80% está incrustado no cristalino, isso é fato.

- Como gerar renda?

- O Ceará foi um Estado pioneiro no fim da década de 1970 na formulação de políticas de incentivo fiscal para a atração de investimentos industriais. Isso deu resultado. Somos o terceiro pólo calçadista do Brasil e temos uma industria têxtil significativa que mostra um esforço positivo. Praticamente, todos os estados do Brasil copiaram o modelo. E, naturalmente, voltamos à estaca zero.

- Como é possível para o senhor, como governador do Ceará, entrar nessa briga sem nenhuma vantagem?

- O presidente Lula tem sensibilidade a esse respeito. A Sudene está ai, embora eu não enxergue ainda uma grande capacidade de ela promover a redução desse desequilíbrio. Simbolicamente, Lula está muito ostensivamente defendendo a integração da Bacia do São Francisco, a Transnordestina, o pólo siderúrgico do Ceará, a refinaria de Pernambuco. São todos empreendimentos com um potencial de efeito posterior.

- O que as viagens durante a campanha lhe ensinaram?

- Arneiroz, município do sertão de Inhamuns, faz pa

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