A CIA (agência de inteligência dos EUA) divulgou centenas de nomes de pessoas, empresas, partidos políticos e autoridades de governos que Saddam Hussein, ex-ditador do Iraque, tentou supostamente comprar para se livrar das sanções impostas pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Ao mesmo tempo, Saddam e seu governo conseguiram obter 11 bilhões de dólares por meio de acordos nebulosos que contornavam essas sanções, impostas em 1990 e suspensas depois da invasão liderada pelos EUA, um ano atrás, disse um relatório.
O documento é parte de uma pesquisa de 1.200 páginas feita a pedido da CIA por Charles Duelfer, um ex-inspetor de armas da ONU. Duelfer concluiu que o país árabe não possuía armas biológicas, químicas ou nucleares quando da guerra do ano passado.
A suposta presença de armas de destruição em massa no Iraque foi usada pelos EUA e seus aliados para justificar a ação militar. O relatório foi divulgado pela CIA em seu site: www.cia.gov.
Os esforços do ex-governo iraquiano incluíam fazer acordos com empresas na Síria, na Jordânia, no Líbano, na Turquia, nos Emirados Árabes Unidos e no Iêmen para adquirir material proibido, afirmou.
As listas divulgadas mostram que vários empresários do setor petrolífero, partidos políticos e empresas de mais de 40 países foram supostamente favorecidos nesses acordos.
Novas acusações foram feitas contra Benon Sevan, chefe do agora extinto programa humanitário petróleo-por-comida, da ONU, encarregado de administrar 67 bilhões de dólares de receita advinda da venda do combustível. Sevan rebateu as acusações.
Também estão na lista o ultranacionalista russo Vladimir Zhirinovsky e seu Partido Liberal Democrata, Charles Pasqua, ex-ministro do Interior da França, a presidente da Indonésia, Megawati Sukarnoputri, o filho de Emile Lahoud, presidente do Líbano, e a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP).
As listas, divulgadas parcialmente em outras oportunidades, foram acompanhadas por 13 arquivos secretos mantidos pelo ex-vice-presidente iraquiano Taha Yassin Ramadan e pelo ex-ministro do Petróleo do país Amir Rashid. Várias empresas norte-americanas constavam dessas listas, mas seus nomes não foram divulgados devido a leis de proteção à privacidade.