China proíbe viagens ao Tibete para controlar a epidemia de Sars

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Publicado Terça, 13 de Maio de 2003 às 11:02, por: CdB

A China tomou medidas drásticas para manter a Região Autônoma do Tibete livre do vírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars, na sigla em inglês). Viajantes estrangeiros foram proibidos de entrar na região, vôos internacionais foram suspensos e vôos domésticos foram reduzidos. Caminhões têm que parar em barreiras durante longas viagens à região do Himalaia, e observadores internacionais relataram ter sofrido restrições no tráfego para entrar ou sair do Tibete. Os líderes chineses sofrerão "perda de autoridade se fracassarem nos cuidados aos tibetanos", disse Thierry Dodin, diretor na Rede de Informações do Tibete (Tin, na sigla em inglês), uma agência independente de monitoramento de notícias. Mas o governo chinês enfrenta um dilema. As estradas são tão ruins que qualquer redução prolongada no volume do comércio no verão pode criar problemas de abastecimento no ano seguinte. Um guia de montanha chinês que recentemente viajou pela estrada que liga o Tibete à vizinha província de Sichuan disse à BBC que tinha passado por três barreiras onde médicos com termômetros checavam a temperatura de quem passava. O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, alertou para a possibilidade de ocorrer uma catástrofe, se a Sars atingir áreas rurais com sistemas de saúde inadequados. Os hospitais antiquados do Tibete, que freqüentemente enfrentam falta de energia e remédios, são prioridade para a região. E o governo chinês está certamente levando a sério a tarefa de controlar a Sars. Estrangeiros que já estão no Tibete foram mantidos em quarentena em seus hotéis antes de receber permissão para deixar a região, segundo a agência de notícias oficial da China, Xinhua.Turistas chineses que viajaram ao Tibete com o objetivo de fugir da Sars tiveram de voltar, segundo a Tin. Alguns mochileiros continuaram a chegar à região. - Você pode entrar no Tibete, mas não pode se registrar num hotel - disse um funcionário da Corporação Tibetana de Turismo, que preferiu não se identificar. - Isso está proibido até agosto - acrescentou ele, o que significa uma proibição de três meses, bem mais longa do que o que foi divulgado incialmente pelo órgão responsável pelo turismo no governo chinês, que havia falado sobre medidas de controle apenas para o mês de maio. O órgão disse que os hotéis estão vazios, mas que os que são controlados pelo Estado ainda estão pagando salários, algo que Wen Jiabao fez um apelo para que continuasse a acontecer. Mas uma recepcionista que não quis se identificar disse não estar tão confiante. "Ainda não sabemos", disse ela, ao ser questionada se achava que o salário de maio seria pago. O período de maio a setembro corresponde à alta estação de turismo, responsável pela receita de cerca de US$ 120 milhões (R$ 353 milhões), aproximadamente 6% do PIB do Tibete. A proibição de viagens também atingiu empresas de turismo no Nepal e na província chinesa de Sichuan. Guias locais dizem que muitas pessoas da província foram demitidas. A situação no Nepal é menos dramática. O país ganhou US$ 140 milhões (R$ 412 milhões) com o turismo em 2001, o que corresponde a 4% da economia local. Operadores de turismo ainda estão fazendo vôos para Katmandu, mas peregrinos indianos que atravessam o Nepal todos os anos não estão chegando, diz Nandini Tapa, do órgão responsável pelo turismo nepalês. - Aquela rota está fechada. Esperamos que seja uma situação temporária. Três quartos dos tibetanos são pastores, e o efeito imediato para o Tibete está sendo mais sentido por trabalhadores migrantes e colonos chineses. Mas o impacto de longo prazo de uma suspensão do tráfego para o Tibete, mesmo que parcial, pode ter conseqüências sérias para todos. Tibete depende da importação de arroz, combustível e outros produtos essenciais, como medicamentos. E os estoques desses produtos são segredo de Estado, disse Thierry Dodin. - Você pode ter certeza de que o Exército tem um vasto estoque de combustíve

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