Chávez, Fidel e MST criticam produção de etanol

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Publicado Quinta, 01 de Março de 2007 às 09:44, por: CdB

A poucos dias da visita do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, à América Latina, os presidentes de Venezuela, Hugo Chávez, e Cuba, Fidel Castro criticaram a utilização do etanol como alternativa ao petróleo.O Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) também criticou a expansão da indústria da cana na América Latina e a aproximação entre Brasil e Estados Unidos na produção de etanol.

O assunto dos biocombustíveis é um dos principais temas da pauta de Bush em sua passagem pelo Brasil, nos dias 8 e 9 de março. Em uma conversa por telefone com o presidente cubano, na terça-feira, Chávez e Castro ironizaram a utilização de alimentos para produção de combustíveis.

- Você sabe quantos hectares de milho são necessários para produzir um milhão de barris de etanol? - perguntou Chávez a Fidel, durante a transmissão radiofônica do programa Alô, Presidente.

- Creio que você falou outro dia em 20 milhões de hectares, algo como isso, mas me lembre - afirmou Fidel, entre risos.

Chávez confirmou a cifra, abrindo espaço para as críticas de Fidel Castro. Essa é claramente uma face da estratégia geopolítica dos Estados Unidos para enfraquecer a influência de países como Venezuela e Bolívia na região.

MST divulga nota

Em um comunicado, divulgado nesta quinta-feira, sobre aproximação entre Brasil e EUA, o MST afirma que "a idéia de usar alimentos para produzir combustíveis é trágica, é dramática. Ninguém tem garantia de onde vão chegar os preços dos alimentos, quando a soja está se convertendo em combustível". Fidel comentou o texto.

- Esta é mais uma das tragédias que acontecem neste momento. Alegro-me muito que você tenha levantado a bandeira para salvar a espécie. Porque existem problemas novos, muito difíceis e você está como um pregador, realmente, um grande pregador, convertido em defensor da causa, o defensor da vida da espécie, e, por isso, te felicito - disse Fidel, que conversou com Chávez durante 32 minutos.

As críticas do governo venezuelano à produção do etanol têm marcado os discursos de Chávez na última semana.Em uma entrevista coletiva realizada no sábado, Chávez disse que é "imoral" destinar alimentos para a produção de combustível para carros.

- Um hectare de milho corresponde a 18,8 litros de etanol (...) 70% da água utilizada na agricultura é para a manutenção de monoculturas. Milhões de famílias poderiam ser alimentadas com esse milho que está sendo convertido em etanol. Os Estados Unidos precisam reduzir o consumo de energia, essa é a solução. - criticou Chávez.

Chávez poupou o Brasil de críticas. Segundo ele, a decisão do governo brasileiro é "compreensível" considerando que apenas recentemente o país alcançou a auto-suficiência em produção petroleira. Brasil e Estados Unidos juntos respondem por 70% da produção e consumo mundial do etanol.

Ambos países estão negociando um padrão técnico para o etanol, o primeiro passo para a transformação do álcool combustível em uma commodity internacional, que seria negociada em bolsas de mercadorias como o petróleo ou a soja. Para alguns analistas brasileiros, o interesse dos EUA em buscar um acordo com Brasil está relacionado ao interesse de abrir o caminho para o capital norte-americano nas usinas brasileiras, controlando assim a produção do etanol do país.

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