O chanceler da Alemanha, Gerhard Schroeder, fez nesta segunda-feira uma ameaça indireta de que poderia renunciar, quando avisou alguns integrantes descontentes de seu partido que dessem apoio às reformas elaboradas para revitalizar a economia alemã sob pena de paralisarem o governo.
A manobra visava colocar sob suas rédeas os membros mais à esquerda do Partido Social Democrata (SPD), para quem o projeto de reforma do chanceler prejudicará a camada mais frágil da população.
Um grupo de 12 deputados do SPD assinou uma petição criticando o pacote, que inclui cortes nos benefícios para desempregados e medidas para desregulamentar o mercado de trabalho, e pediu que os 700 mil filiados do partido votem sobre a questão.
Durante uma reunião de líderes do SPD realizada nesta segunda-feira em Berlim, Schroeder, exigiu obediência dos membros da legenda. A coalizão de centro-esquerda que o sustenta no poder garante a maioria no Parlamento com uma margem de apenas nove deputados.
– Qualquer um que deseje votar sobre algo que não esteja no programa Agenda 2010 (de reforma) deve saber que está esvaziando o trabalho do governo. Grandes mudanças no programa solapariam as bases de meu trabalho e me obrigaria a enfrentar as consequências disso -, declarou o chanceler.
Schroeder deve defender seu programa de reformas para delegados do SPD em um encontro que acontece ainda nesta segunda-feira em Bonn, a primeira de quatro plenárias regionais da legenda. Os dissidentes também obrigaram a liderança do partido a convocar um congresso especial para o dia 1º de junho.
Em dezembro, o chanceler ameaçou renunciar enquanto seu partido discutia os planos fiscais do governo. Então, a ameaça foi feita a portas fechadas e conseguiu abafar os desentendimentos entre os membros do SPD.
Desde que foi reeleito há sete meses com uma pequena margem de votos, Schroeder viu sua popularidade despencar em meio a uma economia estagnada e a uma alta taxa de desemprego.