Cenário político se incendeia após discurso de Renan em Plenário

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Publicado Sexta, 26 de Agosto de 2016 às 10:54, por: CdB

Esquentando ainda mais o ambiente e provocando a reação imediata de petistas, Renan lembrou que Gleisi e o marido, o ex-ministro das Comunicações do governo Dilma, Paulo Bernardo foram indiciados por corrupção passiva na Operação Lava Jato

 
Por Redação - de Brasília
  Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Ricardo Lewandowski suspendeu, nesta sexta-feira, a sessão do impeachment após um intenso bate-boca entre senadores, incluindo o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). A sessão foi retomada após as 13h. Pouco antes Lewandowski desligou os microfones de senadores que discutiam e alertou que usaria seu poder de polícia para pedir “respeito mútuo”, chegando a suspender a sessão por alguns instantes, antes da paralisação maior. O primeiro bate-boca começou quando o senador petista Lindbergh Farias (RJ) pediu a palavra e atacou o integrante do DEM Ronaldo Caiado (GO). — Esse senador que me antecedeu é um desqualificado. O que fez com senadora Gleisi é de covardia impressionante, dizer que tentou aliciar testemunha — afirmou o senador petista. Em seguida, Lewandowski fez um alerta a Lindbergh: — Não posso admitir palavras injuriosas dirigidas a qualquer senador. Vou usar meu poder de polícia para exigir respeito mútuo e recíproco.
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Renan atacou a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e foi questionado, em Plenário
Caiado respondeu fora dos microfones. Disse que Lindbergh tem mais de 30 processos no STF e "cracolândia em seu gabinete". Como o tumulto continuou, o presidente do STF pediu que os microfones fossem desligados e a sessão suspensa por cinco minutos. A sessão foi retomada com o apelo feito pelo presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL), que ainda não havia se manifestado. O peemedebista começou pedindo para que os senadores reduzam as questões de ordem repetidas, mas esquentou o clima ao lembrar da declaração de ontem, feita pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) que provocou o primeiro grande tumulto do dia. — Esta sessão é uma demonstração de que a burrice é infinita. A senadora Gleisi chegou ao cúmulo de dizer que o Senado não tem condição moral de julgar a presidente — afirmou. Esquentando ainda mais o ambiente e provocando a reação imediata de petistas, Renan lembrou que Gleisi e o marido, o ex-ministro das Comunicações do governo Dilma, Paulo Bernardo foram indiciados por corrupção passiva na Operação Lava Jato. Os dois são acusados de receber propina de contratos oriundos da Petrobras. Renan chegou a afirmar que o Senado estava passando para a sociedade uma imagem de que Lewandowski estava sendo, constitucionalmente, obrigado a "presidir um julgamento em um hospício" e que nenhum dos lados ganharia esta disputa baseada em bate boca político.

Testemunhas dispensadas

Ex-advogado Geral da União, José Eduardo Cardozo, que defende a presidente Dilma Rousseff no processo de impeachment, adiantou-se aos fatos, na sessão desta sexta-feira, e dispensou uma das testemunhas de defesa. Ele pediu para que outra tivesse o status alterado de testemunha para informante. O pedido ao ministro Lewandowski ocorreu logo depois de a advogada Janaina Paschoal ter anunciado que pediria a suspeição da testemunha Esther Dueck, ex-secretária de Orçamento federal no governo Dilma. O argumento da acusação foi de que a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) deu um cargo para a testemunha em seu gabinete, o que configuraria aliciamento de testemunha. Gleisi pediu a palavra para se defender: "ela não está lotada no meu gabinete, pedi para que ela assessorasse a CAE, mas o MEC ainda não liberou". "Eu não posso ficar calada aqui e ouvir que estou querendo aliciar testemunhas", argumentou ainda. Na véspera, pelo Twitter, Gleisi também afirmou que a professora "não tem vínculo com o Senado", lembrou que "ela é professora da UFRJ" e que não era funcionária de seu gabinete. Ao dispensar a testemunha nesta manhã, Cardozo justificou: "não quero expor uma professora universitária". Cardozo também pediu hoje a mudança de status da testemunha Ricardo Lodi para depor apenas como informante. Segundo explicou, ele atuou como assistente da perícia. Ainda no início da sessão, a senadora Gleisi pediu que o ex-auditor federal de Controle Externo do Tribunal de Contas da União (TCU) Antonio Carlos Costa D'Ávila Carvalho seja desqualificado da condição de testemunha de acusação para informante no processo de impeachment. Gleisi fez o pedido ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, logo no início da sessão desta sexta-feira 26, quando serão ouvidas as testemunhas de defesa da presidente Dilma Rousseff. O argumento de Gleisi foi o fato de D´Ávila ter admitido, em seu depoimento nesta quinta, ter ajudado o procurador do TCU Júlio Marcelo de Oliveira a redigir seu parecer. — Isso é gravíssimo, é como um juiz ajudar o advogado a redigir a sua peça e depois julgá-la. Não podemos aceitar o Dr. Dávila como testemunha. Isso só comprova que esse processo é uma farsa — acrescentou a parlamentar, denunciando "fatos muito graves" no andamento do processo. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que falou em seguida, também denunciou o fato como "gravíssimo". Dilma deverá comparecer ao Congresso, nesta segunda-feira, mas terá o direito de não responder às perguntas dos senadores. O presidente do STF, senadores, acusação e defesa terão cinco minutos cada para fazer perguntas à Dilma. Não há limite de tempo para resposta da presidente afastada. Ela terá o direito de, se quiser, permanecer calada. Após interrogatório, haverá debate entre advogados de acusação e defesa (com réplicas e tréplicas), seguido da fase de pronunciamentos de senadores inscritos, que terão dez minutos cada para falar. Encerrada a discussão entre senadores, Lewandowski lerá um resumo do processo com as fundamentações da acusação e da defesa. Dois senadores favoráveis ao impeachment de Dilma e dois contrários terão cinco minutos cada para encaminhamento de votação. A votação será nominal, no painel eletrônico. A previsão é que o resultado seja anunciado na próxima terça-feira.
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