Casos de hepatite no Brasil estão abaixo dos números da OMS

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Publicado Quarta, 28 de Outubro de 2009 às 09:06, por: CdB

Um estudo realizado pelo Ministério da Saúde em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) indica que a quantidade de pessoas infectadas pelas hepatites A, B e C é menor do que os números anteriormente divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Realizado para estimar a prevalência da hepatite do tipo A entre a população de 5 a 19 anos e das do tipo B e C entre as pessoas entre 10 e 69 anos de idade e identificar os grupos de maior risco à doença, o levantamento consumiu sete anos de trabalho e acabou por, segundo os critérios da própria OMS, classificar o Brasil como área de baixa prevalência da doença. Foram ouvidos moradores das 27 capitais brasileiras.

As informações anteriores apontavam para uma alta incidência da hepatite tipo B na Região Norte, onde a doença atingia até 8% da população. Nas demais regiões a infecção era vista como de média intensidade, acometendo entre 2% e 7% da população.

Já com base nos novos dados, a coordenadora do estudo, Leila Beltrão Pereira, afirma que, na verdade, todo o país deve ser considerado de baixa prevalência para a infecção da hepatite B, pois a doença atingiria menos de 1% da população.

– O Brasil, hoje, tem menos de 1% de indivíduos infectados. Anteriormente, esse índice variava entre 2% e 7% nas regiões consideradas de endemicidade intermediária e de 8% na Região Amazônica –, disse Leila Beltrão.

De acordo com a coordenadora, ainda há locais onde a população está mais sujeita a contrair a infecção, em geral, bolsões de pobreza onde as piores condições de moradia e o menor nível de escolaridade se somam a fatores associados à doença.

No geral, a Região Norte segue como a de maior incidência de casos do tipo B, com um percentual de 0,92% entre a população de 20 a 69 anos, seguida pela Região Centro-Oeste, com 0,76%, e a Região Sul, com 0,55%.

Quando divididos em dois grupos, os resultados apresentados hoje (27) indicam que cerca de 27,4% das crianças entre 5 e 9 anos já foram infectadas pelo vírus da hepatite A. Entre os jovens de 10 a 19 anos, o índice sobe para 48,5%.

No caso da hepatite B, entre os jovens de 10 e 19 anos, a doença acometeu 0,55% dos entrevistados, e 0,60% das pessoas entre 20 e 69 anos. O vírus da hepatite C infectou 0,94% dos jovens entre 10 e19 anos e 1,87% das pessoas entre 20 e 69 anos.

Ao considerar apenas a hepatite do tipo A, o novo mapa do contágio aponta para um quadro melhor do que o anteriormente divulgado pela OMS, com uma prevalência menor do que a que vinha sendo divulgada até agora. Nas regiões Sul e Sudeste menos de 25% da população tiveram contato com o vírus, o que as coloca entre as áreas de baixa endemicidade. Já as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste estão na fase intermediária (acima de 25%).

Segundo Leila Beltrão, a diferença entre os números anteriores e os atuais são fruto da maior amplitude de pessoas entrevistadas na atual pesquisa. Além disso, reforçam ainda mais o que já se sabia, embora não fosse levado em consideração nos levantamentos anteriores, que, de acordo com a coordenadora da pesquisa, priorizavam a pesquisa em localidades mais pobres.

– Todos os estudos prévios eram setorizados, feitos no que chamamos de bolsões de pobreza. Como a hepatite B é uma doença interiorana, encontrada principalmente entre as populações mais carentes, isso se refletia nos números totais. Agora nós pudemos avaliar o Brasil como um todo, demonstrando que a prevalência da doença é baixa. Além disso, há também o impacto da vacina, que desde a década de 1980 vem modificando esses números –, disse.

Para o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, o estudo é importante por permitir que as autoridades da área avaliem a real situação da doença no Brasil.

– Isso vai permitir planejar de maneira mais adequada as nossas políticas, além de abrir uma nova visão do problema. Com base nesses dados, acho que o mapa da doença no país, no qual a OMS nos classifica com base em estudos defasados, inexistentes ou empíricos, agora ganha uma base bastante distinta que, se não reduz a dimensão do problema, o coloca em seu devido lugar, nos permitindo atuar melhor.

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