Candidato do PT enfrenta dificuldades na cidade de Palocci

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Publicado Quinta, 30 de Setembro de 2004 às 12:32, por: CdB
A capacidade de influência do apoio do governo federal a seus candidatos e da situação econômica nas eleições municipais está sendo colocada à prova em Ribeirão Preto (SP), terra natal do ministro da Fazenda, Antonio Palocci.

O bom trânsito com o governo federal e o crescimento econômico do país ainda não teriam sido capazes de garantir no segundo turno a presença do atual prefeito e candidato à reeleição Gilberto Maggioni (PT), que era vice e assumiu a prefeitura quando Palocci deixou o cargo, em 2001.

De acordo com a mais recente pesquisa do Ibope, de 13 de setembro, o candidato do PT tem 19% das intenções de voto, empatado tecnicamente com o candidato do PSDB, Welson Gasparini (20%), e atrás do peemedebista Baleia Rossi (27%).

A recente campanha de televisão do governo federal exaltando conquistas econômicas como o maior crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) desde 2000 e quebras de recordes na exportação é vista por alguns analistas como uma tentativa de contagiar positivamente as candidaturas aliadas.

Federalização

"Normalmente as eleições municipais são eleições locais, mas neste ano há um esforço para federalizar essas eleições nos lugares onde o Partido dos Trabalhadores está disputando a Prefeitura, porque está melhorando a avaliação do governo federal", afirma o cientista político e professor da Unicamp Plínio Dentzien.

Mas os efeitos dessa estratégia só poderão ser medidos em 3 de outubro, afirma Dentzien.

Em Ribeirão Preto, segundo o Ibope, a candidatura de Maggioni subiu de 6%, em 26 de julho, para 10%, em 23 de agosto, e agora está em 19%, mas o próprio PT local não atribuiu esse crescimento ao desempenho econômico ou à figura de Palocci.

Segundo dados da pesquisa CNT/Sensus, divulgada na terça-feira, o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem o poder de influenciar 40,4% do eleitorado brasileiro, mas, para a cúpula do partido, o candidato à reeleição está subindo por causa do programa eleitoral de rádio e televisão.

"Nossa experiência política de 20 anos tem mostrado que o eleitor não vota em alguém porque o outro avaliza. O apoio é importante, mas não é o decisivo", avalia Donizeti Rosa, coordenador político da candidatura de Maggioni e atual secretário de governo da Prefeitura, que ainda assim considera a discreta participação de Palocci "fundamental".

Nas ruas, alguns eleitores admitem votar em Maggioni por causa do ministro da Fazenda, mas a relação também vem fazendo o candidato do PT perder eleitores.

"Estou votando no candidato de outro partido exatamente por causa do Palocci, porque ele abandonou Ribeirão Preto", afirma o radialista Delson Martins.

"Votei no Palocci, mas não voto no Maggioni. De certa forma, me senti traído", diz o publicitário Luiz Bispo.

Temas municipais

A campanha da cidade vem sendo marcada pela predominância de temas municipais e pouca troca de acusações.

"As questões colocadas incidiram muito sobre temas locais e problemas da cidade. Palocci acabou, em alguns momentos, entrando nessas discussões não tanto como ministro, mas como ex-prefeito", afirma Welson Gasparini Júnior, filho e coordenador de campanha de Welson Gasparini (PSDB).

Alvo de críticas e denúncias envolvendo as finanças da Prefeitura após deixar o cargo, Palocci vem sendo poupado pela oposição, possivelmente interessada no bom trânsito com o ministro.

A avaliação é de que, por ser da cidade e conhecer a região, o ministro teria mais chances de se sensibilizar com problemas e propostas apresentadas pelo futuro prefeito, independentemente do seu partido.

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