Cai a confiança dos alemães, mas negócios com Brasil aumentam

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Publicado Terça, 13 de Outubro de 2009 às 07:46, por: CdB

A confiança dos analistas e dos investidores alemães diminuiu pela primeira vez em três meses em outubro, atingindo o menor patamar desde julho, mostrou uma pesquisa divulgada nesta terça-feira. O índice do instituto econômico ZEW caiu para 56,0 neste mês, ante 57,7 em setembro. Analistas consultados pela agência inglesa de notícias Reuters previam uma leitura de 58,3. O indicador é feito com 288 analistas e investidores e o deste mês foi conduzido entre 28 de setembro e 12 de outubro. O componente de condições atuais aumentou para menos 72,2 em outubro, ante menos 74,0 em setembro.

Apesar do declínio na confiança do empresariado, a Alemanha e o Brasil têm investido na formação de novas frentes de negócios entre os dois países. As 120 empresas brasileiras que participam da Anuga 2009, a maior feira mundial de alimentos, sabem que para conquistar o consumidor europeu precisam mostrar que atendem aos padrões de sustentabilidade ambiental e que não destroem florestas.

– Temos a missão de mostrar para o mundo, e para os europeus especialmente, que o Brasil é um país muito grande e que nossos setores produtivos estão em todas as regiões. Nossa produção agropecuária não tem absolutamente nada a ver com a Amazônia – frisou Christian Lohbauer, da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR) durante a feira, que começou no sábado e vai até esta quarta-feira na cidade alemã de Colônia.

A preocupação em deixar claro que as fazendas estão longe da floresta tem fundamento. Segundo estudo de inteligência comercial elaborado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), as principais oportunidades para produtos brasileiros na Europa estão ligadas a conceitos como fair trade, sustentabilidade ambiental, produtos naturais, exóticos, orgânicos e alimentos funcionais.

Ainda há a predominância de demanda por produtos 'premium' para Europa e América do Norte, enquanto os produtos brasileiros mais básicos têm mais espaço em países da Ásia, Oriente Médio e África", analisa o presidente da Apex-Brasil, Alessandro Teixeira.

A procura por frutas exóticas produzidas dentro das regras de sustentabilidade e preservação do meio ambiente na região amazônica disparou no primeiro semestre deste ano em relação a 2008, com um crescimento de 59% nas vendas externas. A União Europeia continua sendo o maior comprador de frutas brasileiras, responsável por 76% das exportações. As frutas mais vendidas foram uva, melão, manga, maçã, limão e melancia.

Gado na floresta

O setor de carne bovina sofre enorme pressão por conta da sustentabilidade socioambiental. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrando que o rebanho bovino na Amazônia cresceu 78% entre 1997 e 2007 exigem muitos esclarecimentos do presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Roberto Gianetti da Fonseca.

"Nós não precisamos desmatar a Amazônia para criar gado no Brasil. As empresas ligadas à Abiec têm o compromisso de não comprar carne produzida em áreas ilegais, e temos o monitoramento de entidades como o Greenpeace, que rastreiam a origem do gado por satélite. Naturalmente a região é muito grande e existem pecuaristas clandestinos, mas eles não entram no nosso mercado", explica ele.

Avanço da pecuária ilegal na Amazônia prejudica imagem do BrasilBildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift:  Avanço da pecuária ilegal na Amazônia prejudica imagem do BrasilO Brasil é o maior fornecedor mundial de carne bovina, exporta para mais de 150 países e tem o maior rebanho comercial do mundo, de aproximadamente 198 milhões de cabeças. As atividades de cria, recria e engorda de gado de corte se concentram nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, onde estão 54% do rebanho total. Na região amazônica, existem cerca de 38 milhões de cabeças, que representam 19,4% do rebanho.

Segundo dados da Abiec, as empresas trabalham no aumento da produtividade através de melhoramento genético do rebanho, melhoria das pastagens, intensificação da defesa sanitária e do sistema de rastreabilidade da criação bovina. Isto poderia levar, em uma década, ao dobro da produção atual de carne e couro, sem que fosse necessário ocupar novas áreas.

No total, de acordo com os números da Apex-Brasil, o país tem 388 milhões de hectares de terras férteis e de alta produtividade. Com pelo menos 90 milhões de hectares agricultáveis ainda não utilizados, tem potencial para aumentar em cerca de três vezes sua atual produção de grãos sem avançar sobre florestas. A agência estima ainda que, com uma maior produtividade na pecuária, cerca de 30% dos 220 milhões de hectares hoje ocupados por pastagens poderiam ser incorporados à produção agrícola.

Sobre a feira

A edição 2009 da Anuga, entre 10 e 14 de outubro, tem a participação 6.522 empresas vindas de 97 países. A delegação brasileira foi organizada pela Apex-Brasil e ocupa uma área de 2,2 mil metros quadrados no centro de eventos da cidade de Colônia, na Alemanha.

O Brasil participa da feira como maior exportador mundial de café, sucos, açúcar, etanol de cana-de-açúcar e carne bovina e de aves. Cerca de 20% da produção nacional de alimentos são embarcados para mais de 200 países.

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