Bush se prepara para enfrentar críticas na ONU

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Publicado Segunda, 20 de Setembro de 2004 às 06:48, por: CdB

Dois anos depois de seu discurso contra as nunca encontradas armas de destruição em massa iraquianas, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, estará de novo nas Nações Unidas nesta semana, para enfrentar críticas e argumentar que é essencial que o Iraque, devastado pela guerra, se torne uma democracia estável.

Bush faz a sua excursão anual a Nova York para falar na Assembléia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira. Suas palavras serão provavelmente interpretadas no contexto da campanha presidencial norte-americana, no momento em que aumenta o número de mortos no Iraque, teme-se pela guerra civil no país e coloca-se em dúvida se as eleições nacionais marcadas para janeiro terão condições de ocorrer.

O discurso de Bush vai exaltar suas esperanças de sucesso no Iraque e no Afeganistão --onde há um difícil processo para realizar eleições em 9 de outubro - e enfatizar os esforços norte-americanos para ajudar na luta global contra a Aids, a fome, o analfabetismo e a pobreza.

- Todo o mundo pode estar certo: a América e nossos aliados vão manter seus compromissos com as populações afegã e iraquiana. Nossa segurança a longo prazo- a segurança de nossos filhos e netos - será beneficiada quanto todo o Oriente Médio for um lugar de governos estáveis, democráticos, que combatam o terror - disse Bush em seu programa de rádio semanal no último sábado.

Muitos líderes mundiais, contrários às ações de Bush no Iraque, estarão prestando atenção no que o presidente vai dizer sobre a situação atual do país. Ele poderá afirmar que o primeiro-ministro Iyad Allawi é um exemplo da nova geração de líderes iraquianos. Bush vai se encontrar com Allawi na próxima quinta-feira, na Casa Branca.

- Ele (Allawi) é um cara obstinado - afirmou o presidente em um evento da sua campanha na sexta-feira, em Charlotte, na Carolina do Norte.

- Ele acredita que o Iraque deve ser livre, e ele se preocupa com as esperanças e desejos dos iraquianos - acrescentou.

No entanto, haverá alguns céticos na platéia que assistirá o discurso de Bush na terça-feira, na ONU. O secretário-geral da organização, Kofi Annan, disse na semana passada acreditar que a invasão americana ao Iraque violou as leis internacionais.

Há dois anos, Bush desafiou na ONU os líderes mundiais a adotar sanções contra o Iraque, com a ameaça de consequências severas para Saddam Hussein se o país não se desarmasse. O Conselho de Segurança respondeu com um voto unânime.

Meses depois, quando os inspetores não encontraram armas de destruição em massa, as Nações Unidas se recusaram a apoiar uma declaração de guerra de Bush. O presidente lançou a invasão com o apoio de 35 países. A coalizão está diminuindo à medida que os insurgentes iraquianos aumentam os ataques.

Um argumento chave que Bush usa na sua campanha eleitoral é que o Iraque está melhor sem Saddam no poder. A CIA, a agência de inteligência norte-americana, alertou sobre a possibilidade de uma guerra civil no país.

O candidato do Partido Democrata à Casa Branca, John Kerry, aumenta suas críticas a Bush em relação à guerra. Ele acusou o presidente de "viver em mundo de fantasia" e de não falar a verdade sobre a violência no Iraque.

Em Nova York, Bush vai se encontrar com o presidente afegão, Hamid Karzai, que sobreviveu a uma tentativa de assassinato na semana passada, e com o presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, um aliado na luta contra a al Qaeda e o Taliban.

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