O governo dos Estados Unidos condenou a declaração feita na quinta-feira pelo primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, em que prometeu não aceitar “tentativas de atrair o apoio de países árabes às custas de Israel”.
Esse foi o mais duro recado já mandado por Sharon a Washington, que vem tentando ampliar no Oriente Médio a aliança de apoio a uma provável ofensiva militar contra o Afeganistão.
Nesta semana, o presidente americano, George W. Bush, disse que apoiava a formação de um Estado palestino – o que não agadou membros do gabinete israelense.
“Os cometários feitos pelo primeiro-ministro Sharon são inaceitáveis na opinião do presidente”, disse o porta-voz de Bush, Ari Fleischer.
Pressão
Fleischer disse que o primeiro-ministro israelense já foi informado sobre a opinião de Bush, por intermédio da embaixada dos Estados Unidos em Israel.
Washington vem pressionando Israel a manter um cessar-fogo com os palestinos – o que poderia render aos americanos mais aliados entre os países árabes.
Mas a trégua, acertada no mês passado, até agora não vem sendo implementada na prática.
Na quinta-feira, Sharon disse que Israel continuaria lutando sem tréguas contra o que chamou de terrorismo e cancelou a promessa que tinha feito anteriormente de não mais realizar ofensivas militares contra os palestinos.
Ele comparou a situação vivida pelo seu país com a da Tchecoslováquia quando nações da Europa deram seu apoio para que a Alemanha nazista invadisse o país – num evento que antecedeu o início da Segunda Guerra Mundial.
“Nós não seremos como a Tchecoslováquia”, disse Sharon. “Isso é inaceitável para nós. De agora em diante, nós só vamos contar com nós mesmos.”
Oposição
Os comentários de Sharon também provocaram críticas de políticos da oposição dentro de Israel.
O líder de esquerda Yossi Sarid disse que as palavras de Sharon foram “sem sustentação” e “extremamente tristes e perigosas”.
“Elas foram uma manifestação de ingratidão com os EUA, um país sem o qual Israel enfrentaria grandes dificuldades para continuar existindo. Foi um grave erro diplomático”, completou Yossi Sarid, em declaração à agência France Presse.
Na terça-feira, o presidente George W. Bush disse que a criação de um Estado Palestino, uma questão-chave dentro do conflito do Oriente Médio, sempre fez parte dos planos americanos para a região.
“A idéia de um Estado Palestino sempre esteve em nosso horizonte, desde que a existência de Israel seja respeitada”, afirmou o presidente.