Brasil espera fechar acordo com o FMI antes do dia 12

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Publicado Sexta, 02 de Agosto de 2002 às 04:19, por: CdB

O Palácio do Planalto espera que o novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) seja fechado antes do dia 12 de agosto, data informada pelo presidente do Banco Central, Armínio Fraga. Nesse dia, os funcionários do FMI entram em férias, retornando no dia 28. Como, porém, o dia 12 é uma segunda-feira, na prática os negociadores têm um prazo menor: 9 de agosto, sexta-feira. Se mantida a visita do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Paul O'Neill, marcada para os dias 5 e 6, é possível se pensar num anúncio antecipado, se as negociações correrem bem. Os técnicos da área econômica, porém, não apostam na conclusão das conversas nesta semana. Se for mantido o ritual do FMI, a equipe brasileira só apresentará os números e propostas em detalhes hoje. Amanhã, os técnicos do FMI começam a questionar os números, discussão que se estende por cerca de dois dias. Armínio Fraga já declarou que a idéia é estender o acordo atualmente em vigor, que termina em dezembro, para pelo menos parte de 2003. Mas a equipe reconhece que será difícil negociar um acordo com esse prazo sem contar com um apoio formal dos candidatos à presidência da República. Os negociadores brasileiros insistirão que os candidatos já se manifestaram favoravelmente à manutenção do ajuste fiscal para 2003. O formato preferido pelo governo brasileiro, mas que ainda depende da concordância do FMI, é o de fazer um acordo em duas partes, uma até dezembro de 2002, com aporte adicional de recursos, e outra para 2003, que ficaria pendente de confirmação pelo presidente eleito. As apostas em torno da ajuda financeira, que poderá envolver não só o FMI como também o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) variam entre US$ 10 bilhões e US$ 20 bilhões. Parte desse valor não seria dinheiro novo. Dependeria apenas de o FMI autorizar o Brasil a reduzir o valor estabelecido como piso das reservas internacionais líquidas, hoje em US$ 15 bilhões. Armínio Fraga já confirmou que o Brasil pedirá a redução do piso. Tão importante quanto o novo aporte de recursos é a chancela que o acordo com o FMI dará para outra parte importante da ajuda ao Brasil, a articulação, pelo FMI, de uma ação junto aos bancos para reabrir as linhas de crédito internacional ao Brasil. O ex-ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, acredita que os Estados Unidos vão ajudar o Brasil, revendo a postura de "lavar as mãos", como fizeram com a Argentina. Ele acha que as declarações do porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, mostram que a administração republicana "percebeu o inconveniente" da atitude de abandonar a América Latina à própria sorte. "Foi assim nos anos 80. Eles deixaram a crise se alastrar e o resultado foi a perda de 250 mil empregos nos Estados Unidos, por causa da retração nas exportações deles", comentou. Ele acha que as grandes companhias norte-americanas já passam por dificuldades, mas essas poderão ser agravadas se elas amargarem perdas grandes no Brasil, um país que, mesmo tendo agido de acordo com a cartilha, não teve elementos de lidar com uma crise de confiança nascida fora de suas fronteiras. "Se o processo de recuperação dos Estados Unidos for abortado por uma crise no Brasil, as perspectivas dos republicanos nas próximas eleições ficarão prejudicadas", acredita.

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