Bombardeiros são enviados pelos EUA para Coréia do Norte

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Publicado Quinta, 06 de Março de 2003 às 07:10, por: CdB

Bombardeiros norte-americanos chegaram na ilha de Guam, no oceano Pacífico, a fim de conter a Coréia do Norte no caso de uma guerra no Iraque. Enquanto isso, os mercados asiáticos se ressentiam dos rumores de que Pyongyang se prepara para testar um míssil de médio alcance. Entretanto, há sinais de contatos extra-oficiais entre Estados Unidos e Coréia do Norte, país que supostamente tem ambições de ter uma bomba atômica. A especulação sobre o teste do míssil Rodong foi divulgada pela agência de notícias japonesa Kyodo, citando uma fonte oficial norte-americana. Na semana passada, horas antes da posse do presidente sul-coreano, Roh Moo-hyun, a Coréia do Norte disparou um míssil de curto alcance sobre o mar. Por causa da notícia, o won sul-coreano caiu frente ao dólar e a Bolsa de Seul fechou em baixa. O Banco Central do país disse que a instabilidade política está afetando a economia interna, embora a maioria da população não pareça perturbada com a crise. O sargento Jess Harvey, da Base Aérea de Anderson, em Guam, confirmou a chegada dos aviões B-52 e B-1, sem especificar o número. Segundo o secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, a decisão foi motivada pela prudência, e o governo ainda conta com uma solução diplomática no caso. A oposição democrata norte-americana vem criticando a Casa Branca por priorizar o conflito no Iraque, menosprezando a ameaça nuclear norte-coreana, que seria muito mais grave. A maioria dos países da região defende a abertura de negociações diretas entre Estados Unidos e Coréia do Norte. Washington, porém, quer resolver a questão pela via multilateral. O regime comunista norte-coreano afirma que seu objetivo é firmar um pacto de não-agressão com os norte-americanos, que se dizem chantageados pelas ambições nucleares do Norte. Washington ameaça impor sanções. "Todos juntos já pedimos o diálogo e nos opusemos à pressão ou às sanções, que em vez de resolverem o problema só o complicaria", afirmou o chanceler chinês, Tang Jiaxuan. Mas algum consenso parece estar surgindo. Nas últimas semanas, funcionários de Washington e Seul mantiveram contatos extra-oficiais com Pyongyang. Em ocasiões anteriores, contatos como esses levaram a negociações completas. "É verdade que o assessor de Segurança Nacional Ra Jong-yil se encontrou com autoridades norte-coreanas", disse uma porta-voz do governo sul-coreano. "(O objetivo) era abrir canais de negociações com a Coréia do Norte." O encontro aconteceu em Pequim, antes da posse do presidente Roh. Mais ou menos na mesma época, funcionários norte-americanos mantiveram contatos com norte-coreanos em Berlim, onde Pyongyang mantém uma embaixada. A Coréia do Norte não comentou os incidentes nem o lançamento do míssil na semana passada. O jornal oficial do regime, o Rodong Sinmun, continua desafiando os norte-americanos. "Os EUA estão dispostos a trazer o desastre de uma guerra nuclear para todos os coreanos, no Norte ou no Sul", disse um editorial. O regime anunciou que o Parlamento entrará em sua sessão anual no dia 26 de março. Na agenda devem estar o orçamento militar do país, um pacote de reformas econômicas e mais críticas aos Estados Unidos. A crise na região começou em outubro, quando a Coréia do Norte teria admitido suas ambições nucleares aos EUA. Desde então, o país comunista já se retirou do tratado internacional de não-proliferação nuclear, expulsou inspetores de armas da ONU e reabriu um reator que estava lacrado desde 1994.

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