O governo boliviano decretou um dia de comemoração neste sábado nas cidades de Santa Cruz e Cochabamba pela compra das refinarias de Gualberto Villaroel e Guillermo Elder Bell, que foram adquiridas da Petrobras quinta-feira por US$ 112 milhões.
O diretor nacional de Comunicação do governo boliviano, Gastón Núñez, disse que o presidente do país, Evo Morales, deve visitar as duas refinarias durante a comemoração neste sábado.
Segundo o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, o valor foi o apresentado pela estatal brasileira em proposta enviada ao país vizinho na última segunda-feira. A venda vinha sendo negociada desde a última quarta-feira.
Um grupo a ser formado por representantes da Petrobras e da estatal boliviana YPFB irá discutir a transição de comando das refinarias. A Petrobras se comprometeu em dar "apoio total" à Bolívia neste processo, inclusive na transferência de tecnologia, disse Rondeau.
As duas instalações da Petrobras, uma em Cochabamba e a outra em Santa Cruz, foram vendidas pelo Estado boliviano em 1999, numa licitação, por US$ 104 milhões --desde então, a Petrobras investiu mais US$ 30 milhões em modernização.
As unidades são as duas maiores que operam no país vizinho e processam cerca de 40 mil barris de petróleo por dia. Para o Brasil, porém, os negócios por lá representam 0,3% do total.
A estatal brasileira decidiu vender 100% das refinarias depois da assinatura de um decreto pelo presidente boliviano, no último domingo, que afetou o fluxo de caixa da Petrobras na atividade de refino na Bolívia. Até então, apesar da nacionalização anunciada por Morales, a empresa ainda cogitava permanecer no país como parceira do governo vizinho.
O decreto concedeu à YPFB o monopólio da exportação do petróleo reconstituído e das gasolinas "brancas" produzidos pelas refinarias do país.
Após muito impasse acerca de qual seria o "preço justo" a ser pago pela Bolívia, a estatal brasileira apresentou, na última segunda-feira, uma proposta final para fechar o negócio.
Na quarta-feira, representantes da Petrobras, do governo boliviano e da YPFB iniciaram as conversas em La Paz para esclarecer os termos do texto, debates que terminaram nesta quinta com a assinatura de um acordo.
Caso não houvesse consenso, a Petrobras e o próprio governo brasileiro tinha declarado que recorreria à arbitragem internacional.