Blair não será punido por erros em relatório sobre o Iraque

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Publicado Terça, 08 de Julho de 2003 às 11:30, por: CdB

Na segunda-feira, um comitê da Câmara dos Comuns isentou o governo de acusações pelos erros com relatórios sobre armas iraquianas. Mas criticou o uso de informações que levaram o primeiro-ministro Tony Blair a informar equivocadamente o Parlamento. O comitê de assuntos exteriores afirmou que enquanto não há provas de "adulterações politicamente inspiradas", um dossiê do governo divulgado em setembro do ano passado havia sido preparado com termos "mais incisivos que o tradicionalmente usado nos documentos da inteligência" O comitê também questionou a importância concedida à avaliação de que Saddam Hussein possuía armas químicas e biológicas que poderiam ser lançadas em 45 minutos. O painel disse que um segundo dossiê, publicado em fevereiro e que plagiou um trabalho escolar, foi equivocadamente apresentado aos parlamentares como informações secretas por Blair, que desconhecia a verdadeira origem das informações. Apesar de ter livrado Blair e seus ministros das acusações de terem enganado deliberadamente o Parlamento, o relatório de 54 páginas do comitê afirmou que "o júri ainda está avaliando" muitas afirmações do governo sobre as armas de destruição em massa de Saddam. O comitê formalmente inocentou Alastair Campbell, o poderoso diretor de comunicações e estratégia de Blair. Ele foi acusado de ter pessoalmente incluído a versão sobre a suposta capacidade iraquiana de disparar mísseis em 45 minutos. Mas a decisão de inocentá-lo só foi tomada depois que o presidente do comitê, o trabalhista Donald Anderson, desempatou a votação. A minoria de cinco membros argumentou que o painel, que não tinha poder de convocar depoimentos, não teve acesso às autoridades e documentos que necessitava. Campbell compareceu diante do comitê na semana passada para negar a acusação e para pedir que a BBC se desculpasse. Em maio, a BBC citou uma autoridade não-identificada dizendo que Campbell havia acrescentando a informação, com o objetivo de "esquentar" o documento e fortalecer a posição de um ataque militar. O combativo Campbell afirmou ao painel que o relatório era "uma mentira" e um insulto inaceitável ao governo. A BBC afirmou que mantém o apoio a notícia que publicou. A disputa se transformou em uma dura luta entre o governo e a rede pública de mídia. O comitê é um dos dois painéis parlamentares que investigam as alegações de que o governo pode ter exagerado na ameaça apresentada pelo Iraque. O outro órgão, um painel sobre o serviço secreto, tomará as declarações em portas fechadas e apresentará seu relatório ao primeiro-ministro antes de publicá-lo.

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