BC recomenda cautela na condução das taxas de juros para este ano

Arquivado em:
Publicado Quinta, 10 de Setembro de 2009 às 09:14, por: CdB

O Banco Central avaliou que o efeito sobre atividade e preços decorrente das reduções de juros já implementadas neste ano precisam ser cautelosamente avaliadas, para garantir a manutenção da inflação na meta até 2011, segundo a ata de sua última reunião que decidiu pela manutenção da Selic em 8,75%. O Comitê de Política Monetária (Copom) também ressaltou a melhora dos dados de atividade econômica desde sua reunião anterior em julho, e reduziu a previsão de inflação neste ano, mas elevou a do próximo, embora para patamar ainda abaixo do centro da meta.

"O Copom entende que a perda de dinamismo da demanda doméstica gerou ampliação da margem de ociosidade da utilização dos fatores, ocasionando redução das pressões inflacionárias", disse o Copom na ata, divulgada nesta quinta-feira. Ainda assim, no curto prazo, o BC acredita que existem riscos decorrentes da atuação de mecanismos de reajuste, que impacta preços de serviços e monitorados. "No médio prazo, o risco decorre dos efeitos, cumulativos e defasados, da distensão das condições financeiras e do impulso fiscal sobre a evolução da demanda doméstica".

O BC ressaltou que as decisões correntes de política monetária terão impactos "concentrados" em 2010 e que sua estratégia visa manter a inflação em patamar consistente com a trajetória de metas em 2009, 2010 e 2011.

"O Copom avalia, adicionalmente, que a preservação de perspectivas inflacionárias benignas irá requerer que o comportamento do sistema financeiro e da economia sob um novo patamar de taxas de juros seja cuidadosamente monitorado ao longo do tempo", diz o relatório.

Ainda segundo o BC, as projeções de inflação feitas para 2009 caíram em relação ao valor considerado em julho e situam-se abaixo da meta de 4,5% fixada pelo governo. A instituição não divulga os números, mas, em julho, a projeção era "ao redor" da meta. Para 2010, a projeção foi aumentada e se encontra "em torno da meta".

Precaução

O Copom considera também que a cautela contribuirá para reduzir o risco de “reversões abruptas” nas decisões sobre a Selic no futuro e também para “a recuperação consistente da economia ao longo dos próximos trimestres”. Segundo o Copom, esses estímulos fiscais e monetários “deverão contribuir para a retomada da atividade e, consequentemente, para a redução na margem de ociosidade dos fatores produtivos”. A ata revela que o colegiado considera que a desaceleração da economia global tem gerado pressões de baixa nos preços industriais no atacado.

O documento revela que o Copom avalia, depois de longo período de expansão, que a demanda doméstica passou a cair e a exercer influência contracionista sobre a atividade econômica, mesmo que o crescimento da renda tenha se mantido.

“Adicionalmente, cabe registrar que, evidenciando a credibilidade alcançada pelo Copom na implementação do regime, as expectativas inflacionárias para 2009, 2010 e 2011 continuam em patamar consistente com a trajetória das metas”, afirma o colegiado.

A meta de inflação para esses três anos, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), tem como centro 4,5% e margem inferior de 2,5% e superior de 6,5%. Cabe ao Banco Central perseguir a meta de inflação. Para isso, a autoridade monetária usa a Selic para controlar a inflação. Na ata, que contém vários parágrafos iguais ou parecidos com o documento de julho, o Copom reafirma que o comportamento do sistema financeiro e da economia em um novo patamar de juros básicos deve ser cuidadosamente monitorado, de maneira a preservar as perspectivas inflacionárias benignas.

“Decisões sobre a evolução da taxa básica de juros têm que levar em conta a magnitude do movimento total realizado de janeiro a julho, cujos impactos sobre diversos indicadores econômicos ficarão evidentes ao longo do tempo, em contexto de retomada paulatina da utilização dos fatores de produção”.

Em 2009, os juros básicos foram reduzidos em 5 pontos percentuais.

Reajustes

Na ata, o Copom reduz a previsão de reajuste acumulado na telefonia fixa em 2009 de 5% em julho para 1,1% na reunião da semana passada. Para a eletricidade, no entanto, há uma previsão de aumento maior, em 5,4%, contra 5% na semana anterior. O Conselho também projeta aumento de 6,9% no preço do botijão de gás neste ano. Em julho, a expectativa era de que não haveria elevação de preços para esse produto. A informação consta da ata da última reunião do colegiado.

Segundo a ata, foi mantida a projeção de que não haverá aumento do preços da gasolina em 2009. Para as tarifas de telefonia fixa, o Copom reduziu a projeção de 5% para 1,1% neste ano. A projeção de reajuste para o conjunto de preços administrados para o acumulado de 2009 foi mantida em 4,5%. Esse conjunto de preços, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), correspondeu a 29,46% do total do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de julho.

Para 2010, a projeção de reajustes dos itens administrados por contrato e monitorados também foi mantida em 4,3%.

Tags:
Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo