A balança comercial brasileira fechou o mês de agosto com um superávit recorde, graças a um aumento significativo das exportações sobretudo para novos mercados.
O superávit comercial somou US$ 2,674 bilhões no mês passado, bem acima do resultado de US$ 1,577 bilhão em igual mês de 2002, segundo os dados divulgados nesta segunda-feira pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
O desempenho de agosto supera o recorde anterior do ano, de maio, quando a balança registrou um superávit de US$ 2,513 bilhões.
"(Em agosto) houve crescimentos expressivos das exportações para mercados não tradicionais, particularmente a Europa Oriental e Oriente Médio", disse a repórteres Ivan Ramalho, secretário de Comércio Exterior, ao comentar os dados da balança.
"Tivemos também um crescimento bastante expressivo de produtos básicos e semimanufaturados, mas também cresceram os manufaturados. Ou seja, tivemos crescimentos recordes em todas as categorias de produtos".
As exportações de agosto foram recordes e totalizaram US$ 6,403 bilhões, com média diária de R$ 304,9 milhões. As importações, por sua vez, somaram US$ 3,729 bilhões, com média diária de US$ 177,6 milhões.
Em julho, o superávit comercial atingiu US$ 2,057 bilhões, com média diária de exportações de 265,4 milhões de dólares e de importações de US$ 76 milhões.
O Ministério informou que a China voltou a tomar o lugar da Argentina como o segundo maior comprador de produtos brasileiros.
Ramalho, no entanto, disse que o crescimento expressivo das exportações para Argentina, de US$ 2,628 bilhões de janeiro a agosto, é resultado, sobretudo, "de uma base de comparação muito baixa".
"O Brasil ainda não recuperou a posição que tinha (no mercado argentino) em 2001", disse ele.
Greve
Na semana passada, ao detalhar o resultado da quarta semana de agosto, o governo atribuiu a melhora no comércio à "regularização de operações por parte dos fiscais das aduanas". Entidades que representam os fiscais, como a Unafisco, no entanto, disseram na ocasião que a greve contra a reforma da Previdência permanecia.
Segundo o secretário, não se pode afirmar que a operação padrão (paralisação parcial dos fiscais das aduanas) tenha influenciado o resultado, mas reconhece que a greve pode ter afetado não só as exportações como também as importações.
O desempenho de agosto fez com que o saldo acumulado no ano saltasse para R$ 15,132 bilhões, frente a um superávit de US$ 5,365 bilhões no mesmo período do ano passado.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Banco Central e divulgada nesta manhã, a expectativa do mercado é de que a balança feche o ano com um saldo positivo de R$ 18,4 bilhões - bem acima do resultado registrado no fim de 2002, de US$ 13,12 bilhões.
Em janeiro, a mesma pesquisa do BC identificou que a previsão das instituições era de que a balança comercial fecharia o ano com um saldo de US$ 15,5 bilhões.
O governo informou ainda que mantém a meta de exportações de US$ 68 bilhões em 2003, o que representa um crescimento de 13%.