Autoridades russas rejeitam ultimato ao Iraque e acha resolução inviável

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Publicado Sábado, 08 de Março de 2003 às 10:21, por: CdB

As autoridades russas rejeitaram neste sábado, o ultimato dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha ao Iraque, e consideraram o novo projeto de resolução apresentado por esses países ao Conselho de Segurança da ONU "inviável" pois abre caminho para a guerra. Em declarações ao Canal 1 da televisão russa, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Igor Ivanov, analisou a sessão de ontem do Conselho de Segurança das Nações Unidas na qual foi apresentado o último relatório dos inspetores internacionais sobre o Iraque. Na acalorada sessão, o ministro das Relações Exteriores da Grã-Bretanha, Jack Straw, apresentou uma emenda ao projeto de resolução britânico-americana sobre o uso da força contra o Iraque que define como prazo final o dia 17 de março para que o regime de Saddam Hussein prove seu desarmamento. "Não acreditamos que tais ultimatos sejam justificados e, menos agora, quando os chefes dos grupos de inspeção pediram vários meses para completar seu trabalho", disse o ministro russo. Segundo Ivanov, a "Rússia considera essa resolução inviável", pois "não promove uma solução política para a situação iraquiana". Ivanov disse que, depois de saber do último relatório dos inspetores de Nações Unidas, "existe uma possibilidade real de uma saída política" para a crise. Os relatórios confirmam que o mecanismo de inspeção está funcionando", disse o ministro russo, que defendeu a continuação das inspeções. Ivanov afirmou que o novo projeto de resolução dos EUA e da Grã-Bretanha abre caminho para uma guerra "associada, não só a uma enorme perda de vidas humanas, mas a conseqüências internacionais muito graves". Por essas razões, "não acreditamos que exista necessidade de adotar uma nova resolução agora", afirmou. E declarou que um ataque unilateral contra o Iraque iria contra a Carta de fundação da ONU e, portanto, requerer a convocação urgente de seu Conselho de Segurança. O vice-ministro das Relações Exteriores, Yuri Fedótov, foi também taxativo em declarações à agência Interfax, nas quais prometeu que a Rússia "fará todo o possível para que esse projeto de resolução no Conselho de Segurança não seja adotado". Segundo Fedótov, a resolução "não passará, nem se receber a maioria dos votos, pois Rússia, França e China não permitiriam". Ivanov disse que a Rússia lançará uma ofensiva diplomática com os outros quatro membros do Conselho de Segurança da ONU (EUA, França, China e Grã-Bretanha) para "continuar um diálogo ativo" e amenizar as graves divergências existentes. Em sua participação ontem no Conselho de Segurança, Ivanov já propôs a criação de um programa de trabalho para o UNMOVIC no qual se detalhem as tarefas pendentes na inspeção. O clima de divisão internacional confirmado na sessão do Conselho de Segurança e a aparente determinação dos EUA e seus aliados para lançar uma operação armada contra o Iraque trouxeram grande preocupação para Moscou e dúvidas sobre a estratégia do Kremlin na crise. O presidente do Comitê de Exteriores da Duma ou câmara baixa do Parlamento, Dmitri Rogozin, disse à Rádio Eco de Moscou que o ataque dos EUA ao Iraque pode se tornar o primeiro degrau para "ações bélicas em massa que podem levar a uma nova guerra mundial". Serguéi Márkov, líder do Instituto de Estudos Internacionais, disse que chegou a hora da Rússia deixar de fazer o jogo dos outros países e apostar em seus próprios interesses. Segundo Márkov, o Kremlin deve perceber quem é o aliado mais útil para evitar que a Rússia fique de novo isolada, por isso deveria se abster de votar uma nova resolução. Viacheslav Nikónov, presidente do Fundo Politika, pediu ao Kremlin que avalie bem sua decisão no caso do novo projeto de resolução ir à votação. "A França normalmente se une aos vencedores no último momento e a China não tem especial interesse no Iraque. Mais ainda, Pequim odeia Saddam Hussein por seu extermínio dos comunistas iraquianos", afirmou. Nikónov disse

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