Ato público reúne milhares por uma cidade com mais amor

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Publicado Segunda, 22 de Outubro de 2012 às 13:15, por: CdB

Uma multidão compareceu ao Festival Existe Amor em SP, promovido no domingo (21), por coletivos independentes de cultura para chamar a atenção sobre a importância do debate sobre os problemas da cidade de São Paulo, que atualmente vive sob a política higienista e conservadora de Gilberto Kassab (PSD). Apesar da grandiosidade do evento, que reuniu cerca de 20 mil pessoas de acordo com os organizadores, a mídia tradicional menosprezou o ato, dando pouco espaço em seus cadernos nesta segunda (22).


foto: divulgação Fora do Eixo

Os portais deram maior destaque, como o G1, R7 e até o Estadão e Folha Online. Mas as versões impressas deram espaços reduzidos. O Estado de S. Paulo, o evento ganhou uma foto com a legenda: "A Praça Roosevelt recebeu ontem o ato Existe Amor em SP. Muitos participantes, a pedido da organização, vieram de rosa".

Na Folha de S. Paulo, onde a cobertura foi maior, no entanto fragmentada e tendenciosa, a seção Corrida publicou na última página do caderno Cotidiano, uma foto de uma das diversas atrações do festival, Gaby Amarantos, com legenda que descreve show da cantora "em evento que contou com ato contra Gilberto Kassab". Publicou uma matéria pequena no primeiro caderno, em Poder, que reduz a manifestação a críticas à atual gestão, levando em conta o número de participantes divulgado pela prefeitura - de 2 mil pessoas.

Aliás, a prefeitura bem que tentou impedir a realização do evento. De acordo com notícia compartilhada por mais de duas mil pessoas na rede social Facebook, na manhã do domingo, quando integrantes do coletivo montavam a estrutura do evento, integrantes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) tentaram  apreender os equipamentos de som, chegando a desligar a internet instalada para a transmissão ao vivo.

Ainda de acordo com relatos na rede social, estaria prevista a presença do prefeito Gilberto Kassab na inauguração de novo trecho da Ciclofaixa de Lazer (cerca de 2 quilômetros), que liga vários pontos do centro de São Paulo à avenida Paulista, desde a praça Roosevelt.

"Gilberto Kassab desistiu de inaugurar pessoalmente a ciclofaixa na Praça Roosevelt. Assessores foram embora sem trocar uma palavra conosco", afirma post do coletivo Fora do Eixo, um dos organizadores do evento.

Ainda de acordo com os ativistas culturais, foram necessárias várias horas de negociação para que o evento pudesse começar às 14h, como previsto.

"Mais do que nunca nosso manifesto faz sentido. Vivemos nesse domingo uma prova da política proibicionista da gestão Serra/Kassab que criminaliza atividades públicas e o uso das ruas. E vivemos nesse domingo também a oportunidade de confrontar com nossa presença, pacificamente, essa onda repressora que tenta controlar São Paulo por tantos anos", alertaram pelo Facebook.

Esta é a segunda edição do ato, que ocorreu uma semana antes do segundo turno da eleição municipal. A primeira aconteceu antes do primeiro turno das eleições municipais, na sexta-feira, dia 5 de outubro, na mesma praça sob o lema “Amor sim, Russomanno não”. O movimento faz questão de dizer que é apartidário, mas alinhado às ideias progressistas e à justiça social.

“Algo se moveu”

Sem dúvida uma grande parcela do público que compareceu foi atraída pelos shows anunciados durante toda a semana nas redes sociais. Gaby Amarantos, Emicida, Karina Buhr, Lurdes da Luz e Criolo, autor da canção Não Existe Amor em SP, que inspirou o nome do festival. No entanto, o que se viu durante o ato público foram pessoas reunidas em torno de um grande desejo de viver numa cidade melhor, mais acolhedora, mais receptiva.

Relatos de quem esteve por lá dão conta desse sentimento coletivo, como o produtor multimídia Rodrigo Savazoni, da Casa de Cultura Digital: “Foi logo depois de termos feito um teto humano com uma lona para proteger os músicos da chuva que nos ameaçava com uns pingos mais grossos. Eu olhei para o lado, para a frente, para o outro lado, e parecia que o pequeno palco em que os artistas tocavam era uma nau carregada pelos braços das pessoas. Não tinha um isolamento real, a não ser uma faixinha dessas amarela e preta só para garantir que os equipamentos ficassem minimamente protegidos. Não tinha seguranças. Não tinha afastamento. O palco e a plateia eram uma coisa só, existiam um no outro. Uma ágora. A praça tomada. A vida transbordando. A alegria, magicamente, nos remetia para um lugar diferente, que era o mesmo de sempre, mas já era outro. Alguma coisa aconteceu ontem...algo se moveu...”

Também houve atividades para crianças, animais e tendas de música eletrônica de festas tradicionais da cidade como Santo Forte e Voodoohop.

Abaixo um trecho do show de Criolo, quando ele interpretou a canção Não Existe Amor em SP.




Deborah Moreira
Da redação do Vermelho

 

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Edição digital

 

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