Atividades na piscina de Emei alegram e ensinam sobre relações e respeito

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Publicado Quinta, 05 de Abril de 2012 às 06:08, por: CdB

Atividades na piscina de Emei alegram e ensinam sobre relações e respeito

05/04/2012 - 11:59

  

 

Ingrid Vogl

 

Mesmo com o início do outono, a tarde quente de uma sexta-feira no fim de março já anunciava que a brincadeira seria divertida na piscina da Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Agostinho Páttaro, que entre as cinco unidades da rede municipal de ensino que possuem o equipamento, é a que mais utiliza o espaço aquático com atividades lúdicas.

 

A menina dos olhos. É assim que notamos a piscina logo que se entra no grande pátio interno da escola. Os alunos se aprontam na sala de aula animadamente, fazem fila e se organizam - sempre acompanhados da professora e de estagiários - para entrar na grande e rasa piscina. São cerca de 50 cm de profundidade cuidadosamente calculados para que as crianças se sintam confortáveis e seguras.

 

As regras para as brincadeiras aquáticas são claras: não pular constantemente de fora para dentro da água; quem sai não pode entrar novamente (ao menos que seja para ir ao banheiro) e só entra na piscina quem estiver devidamente vestido e com boias apropriadas para garantir a segurança dos pequenos em atividades que duram 40 minutos. Além disso, os alunos só entram na piscina se os pais autorizarem.

 

Aprendendo mais

 

Do lado de fora e com as mãos agarradas à grade olhando fixamente para os amigos brincando sem parar na água, Bárbara da Costa Mendes Ferreira, 5 anos, não se conformava em não estar na piscina. O motivo era que ela havia esquecido a parte de cima do biquíni. Mas a professora Luciene Mastrandrea logo resolveu o drama, permitindo que a menina emprestasse a peça da irmã Maria Clara, 4 anos, que estava em outra atividade na escola.

 

"Na água, as crianças aprendem a se relacionar de maneira diferente, elas aprendem a se respeitar", diz a professora Luciene, que cita o trabalho aquático com alunos com necessidades especiais como especial e maravilhoso. "A reação de quem tem deficiência física com a água é boa e é importante para as crianças sentir o meio liquido", disse a educadora.

 

A água é um mundo à parte, onde até as atitudes das crianças mudam. "É interessante observar, por exemplo, que um aluno agitado em terra firme se torna quieto e tranquilo dentro da água", afirmou.

 

Maiô, protetor solar e até um chapéu em forma de sombrinha, criativo e divertido, fazem parte do traje da professora Lilian Aparecida Alves e da estagiária da faculdade de Educação Física da Unicamp, Débora Rosa. Fazendo roda e guiando um trem em que as crianças são os vagões, as educadoras são unânimes em eleger as atividades lúdicas na água como prazerosas para os alunos.

 

"Geralmente quando está muito quente, as crianças ficam mais agitadas e inquietas, e as brincadeiras na piscina dão liberdade e deixam os alunos tranquilos e relaxados logo após as atividades. É um diferencial trabalhar na água com os alunos", citou Lilian Alves.

 

Brincadeira de criança

 

Chuveirinho, corrida, pega - pega, esconde - esconde. As crianças enumeram empolgadas as brincadeiras criadas pela imaginação infantil na piscina em momentos que são de pura alegria. “Faz tempo que estudo aqui e quando está calor entro na água quase todos os dias”, contou a pequena Nicole de Oliveira, 4 anos, já se preparando para sair da piscina com o fim das atividades.

 

Com boias coloridas em torno dos braços, a colega Ana Elissa Ferreira da Silva, também de 4 anos, aproveita até o último minuto antes de sair da piscina. “É muita água e muito gostoso. Dá pra brincar de muitas coisas com meus amigos”, resumiu sua felicidade.

 

Preservação

 

“Vamos cuidar da nossa escola e das nossas relações pessoais”. O tema do projeto pedagógico da Emei Agostinho Páttaro em 2012 diz tudo sobre o trabalho que é realizado na escola. Todos os espaços da ampla escola, como o quiosque, anfiteatro, piscina, horta, gramado, parque, são bem explorados pela equipe pedagógica de 30 funcionários que se envolve e trabalha de

forma integrada.

 

Inaugurada em 1969 como um Parque Infantil e uma das mais antigas da rede municipal, a escola é cuidada com carinho, profissionalismo e competência pela equipe gestora. “Todos os nossos espaços e principalmente a piscina são patrimônios históricos e culturais. Temos uma preciosidade e não vamos abrir mão do que temos”, disse a diretora Regina Maria Seco de Miranda Valverde, sobre a estrutura da escola.

 

“Aqui, atendemos crianças de todas as faixas da sociedade e a piscina é um dos nossos cartões de visita. No momento da matrícula, pais e alunos já ficam ansiosos pelas atividades que serão desenvolvidas”, contou a vice - diretora Maria Terezinha Pereira Amaro.

 

A professora Luciene lembra de momentos que marcaram a equipe da escola. “Por um período, tivemos um aluno russo que nunca tinha visto e nem entrado em uma piscina. Os pais dele, que estavam em Campinas pela Unicamp, chegaram a gravar imagens do menino em atividade na água com outras crianças”, afirmou.

 

Para ex-alunos, a piscina da Emei é uma lembrança que ficará para a vida toda. O bilhete da professora no caderno enviado para os pais pedindo o envio de roupa de banho, boia e toalha. Tudo ainda está na memória de Natally Coutinho Fernandes, 19 anos. “Gostava muito das atividades na piscina da escola e esperávamos ansiosos pelo dia marcado. A tristeza era quando o dia finalmente chegava, mas estava chovendo ou fazendo frio, ficávamos inconformados!”, lembrou. Para ela, estudar em uma escola com piscina foi um diferencial. “Faz muito calor por aqui e acho que todos gostariam de estudar em uma escola com piscina. Ela chama atenção”, analisou.

 

Investimento

 

Todos os meses, a direção da Emei investe cerca de R$ 1 mil para manter a piscina com recursos do Conta Escola, o projeto da Secretaria Municipal de Educação que repassa trimestralmente recursos às 200 unidades da rede municipal para que tenham autonomia financeira em pequenas manutenções e investimentos de material pedagógico e estrutural.

 

As parcerias com outras instituições também são muito bem vindas e praticadas na escola, já que cerca de 25 estagiários de faculdades de Educação e Educação Física da Unicamp, PUC e UNIP atuam, monitorando as atividades lúdicas e pedagógicas nos diversos espaços e em sala de aula.

 

Com vontade de fazer um trabalho diferenciado, quem trabalha na escola –funcionários e estagiários- recebe formação da equipe gestora para desenvolver as atividades, integrar e dar continuidade às diversas ações lúdicas e pedagógicas. “Nossa unidade é feliz e todos se envolvem, porque a escola pública tem que ser de qualidade”, diz a diretora, com a propriedade de quem faz a diferença.

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