Atirador da Flórida frequentava boate Pulse, dizem testemunhas

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Publicado Terça, 14 de Junho de 2016 às 07:52, por: CdB

Omar Mateen, que matou 49 pessoas numa casa noturna gay de Orlando, teria sido visto por frequentadores no local em várias ocasiões. Atirador também usaria apps de contatos gays

Por Redação, com agências internacionais - de Orlando:

Pelo menos quatro clientes da casa noturna gay Pulse, em Orlando, relataram ao jornal Orlando Sentinel que já tinham visto o atirador Omar Mateen no local. O norte-americano de origem afegã matou 49 pessoas e feriu 53 no clube na madrugada do último domingo, jurando lealdade ao grupo "Estado Islâmico" (EI).

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Pelo menos quatro clientes da casa noturna gay Pulse, em Orlando, relataram ao jornal Orlando Sentinel que já tinham visto o atirador

– Algumas vezes ele sentava no canto e bebia sozinho, e outras vezes ficava tão bêbado que falava alto e ficava agressivo – contou o frequentador Ty Smith. Ele viu Mateen no local dezenas de vezes. "Não conversávamos muito com ele, mas me lembro de ele dizer coisas sobre o pai dele. Ele contou que tinha mulher e uma criança."

Outro frequentador assíduo, Kevin West relatou ao jornal Los Angeles Timester trocado mensagens com Mateen por um ano, no app de encontros gay Jack'd, mas eles nunca tinham se encontrado até o último domingo. West deixou um amigo em frente à Pulse no domingo e viu Mateen por volta da 01h00 (horário local), uma hora antes do massacre.

– Ele passou por mim e eu disse 'hey', ele respondeu 'hey'", acenando com a cabeça. Depois que as imagens do atirador foram divulgadas, West procurou a polícia e entregou seu celular com as mensagens trocadas com Mateen.

Cord Cedeno, outro frequentador da Pulse, contou à rede de televisão norte-americana MSNBC que trocou mensagens com Mateen no app de encontros gay Grindr e que vários amigos seus já tinham visto o agressor na boate.

Radicalização pela Internet

Na segunda-feira, o presidente norte-americano, Barack Obama, declarou que o atirador se radicalizou pela Internet, chamando o caso de "extremismo de origem doméstica". Segundo o chefe de Estado, não há evidências de que ele tenha sido instruído por jihadistas para fazer o ataque, apesar de o EI ter reivindicado a responsabilidade pelo massacre.

– Parece que no último minuto, ele anunciou lealdade ao EI – afirmou Obama após se reunir com autoridades do FBI. "O fato de ter acontecido num clube frequentado pela comunidade LGBT também é algo relevante." O ataque teria sido "inspirado por diversas informações disseminadas na internet sobre o extremismo".

Segundo o diretor do FBI, James Comey, organizações terroristas como a Frente al-Nusra, da Síria, e o Hisbolá podem ter influenciado o atirador.

Investigações prosseguem

Uma fonte policial revelou ao Orlando Sentinel que a esposa de Mateen, Noor Zahi Salman, não está cooperando com as autoridades. Os investigadores apuram se ela sabia que o marido planejava o ataque. A ex-esposa de Mateen, Sitora Yusufiy, comentou a jornalistas e à polícia que o atirador era bipolar e às vezes violento.

O atirador comprou poucos dias antes do ataque as duas armas que utilizou no massacre: uma pistola semiautomática e um rifle.

Segundo James Comey, o FBI encerrou as investigações feitas em 2013 e 2014 sobre a possível ligação de Mateen com terroristas, depois de concluir que ele não representava uma ameaça.

Radicalizou sem orientação externa

O homem que matou 49 pessoas parece ter agido sozinho, sem direcionamento dos vários grupos militantes islâmico pelos quais professou simpatia, disseram as autoridades enquanto investigam as raízes do pior ataque a tiros da história moderna do país.

Agentes federais disseram que Omar Mateen, jovem de 29 anos que trabalhava como segurança particular de uma comunidade de aposentados, parece ter se inspirado principalmente na ideologia radical à qual foi exposto na Internet.

Ao mesmo tempo, surgiu um retrato de Mateen como um solitário perturbado de temperamento exacerbado e inclinação à violência, assim como aspirações a uma carreira na polícia.

Mateen foi morto a tiros por policiais que invadiram o clube noturno Pulse de Orlando na madrugada de domingo, pondo fim a um cerco de três horas iniciado quando o atirador entrou na boate e abriu fogo com uma arma de mão e um rifle semi-automático AR-15.

A carnificina aconteceu durante um evento de música latina no clube, que tinha mais de 300 pessoas em seu interior na ocasião. Muitas das 49 pessoas mortas eram hispânicas, mais de metade de origem portorriquenha. Cinquenta e três pessoas ficaram feridas.

Durante a matança, Mateen fez uma séria de chamadas para o número 911, o canal de emergência nos EUA, durante as quais jurou lealdade ao líder do Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi, cujo grupo ocupa vastas porções do Iraque e da Síria.

Ele também declarou solidariedade aos irmãos chechenos étnicos que realizaram o ataque com bombas na Maratona de Boston de 2013 e a um palestino-norte-americano que se tornou um homem-bomba na Síria para a Frente Al-Nusra, uma ramificação da Al Qaeda, disseram as autoridades.

Mateen foi interrogado pela Polícia Federal dos EUA (FBI, na sigla em inglês) em 2013 depois que colegas de trabalho relataram que ele teria alegado ter conexões familiares com a Al Qaeda e ser membro da militância libanesa Hezbollah, de acordo com o FBI.

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