Argentinos estão comprando mais casas e carros

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Publicado Segunda, 10 de Dezembro de 2001 às 21:25, por: CdB

As medidas de semicongelamento dos depósitos bancários implementadas há uma semana pelo ministro da Economia, Domingo Cavallo, causaram uma queda intensa e generalizada nas vendas do comércio em todo o país. Grande parte dos argentinos atingidos, acostumada a lidar com dinheiro em espécie e agora obrigada a movimentá-lo através de cheques, cartões de crédito e cartões de débito, retraiu seu consumo. No entanto, um punhado de setores do comércio foi beneficiado, como o de concessionárias de automóveis. Segundo o presidente da Câmara do Comércio Automotivo, Guillermo Dietrich, na última semana as concessionárias aumentaram suas vendas em 10%, em comparação com o mesmo período do mês anterior. Este consumo está sendo realizado pelos grandes depositantes, que, temendo um confisco geral ou uma desvalorização do dinheiro semicongelado, decidiu gastá-lo imediatamente em um bem durável, como um automóvel, seja por via eletrônica ou em cheques. Dietrich atribui a totalidade do aumento das vendas à reação dos correntistas às medidas econômicas do ministro Cavallo. Além das vendas, houve um aumento de 40% no número de consultas sobre os preços dos carros. Este movimento é uma novidade, já que dezembro, tradicionalmente, foi sempre um dos piores meses do ano para a venda de automóveis. Outro setor que espera lucrar com a crise é o imobiliário. Segundo a câmara do setor, os pedidos de reserva para operações de compras de imóveis cresceram 8% na semana do semicongelamento. Na dúvida sobre o futuro de seus depósitos, diversos argentinos prefeririam transformá-los em algo palpável - como tijolos e concreto -, que esteja fora dos bancos e do alcance do governo. Para os argentinos com depósitos menores, a compra de eletrodomésticos foi uma opção que se tornou atraente nos últimos dias. Segundo a Câmara de Aparelhos para o Lar, as compras estão sendo realizadas pela faixa de pessoas com salários acima de US$ 4 mil. O aumento das vendas nesta semana foi de 10% em comparação com o mesmo período do mês passado. O presidente da Câmara, Juan Stahlberg, sustentou que o consumidor compra um eletrodoméstico porque suspeita que seu depósito semicongelado no banco pode sofrer desvalorização de 30% ou 40%. Mas a maioria do comércio não conta com a mesma sorte. A Coordenadoria de Atividades Mercantis Empresariais (CAME) afirma que diversos setores, como o de vestimentas, gastronomia, artigos de decoração natalina e padarias registraram um drástico declínio nas vendas, de até 80%. O movimento de cinemas, casas de shows e discotecas despencou 70%. Além disso, a CAME já está detectando que milhares de argentinos, que começavam a se preparar para as férias de verão, estão cancelando suas passagens e reservas de aluguéis de casas na praia.

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