O chanceler da Argentina, Rafael Bielsa, disse que seu país se esforçará com seus sócios do Mercosul para conseguir que a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) seja eqüitativa para todos.
-A situação desvantajosa que enfrentamos na região requer nosso esforço para equilibrar a mesa de negociação", disse num texto publicado nesta quinta-feira, pelo Clarín.
Bielsa assinalou que o objetivo principal da Argentina e seus sócios no Mercosul (Brasil, Paraguai e Uruguai) é conseguir "uma abertura efetiva dos mercados da região para as exportações sem desproteger os setores mais sensíveis".
- Negociar bem quer dizer defender nossos interesses- disse, acrescentando que o governo argentino "não está disposto a incluir na Alca "questões essenciais" para o país, como os serviços educacionais, a previdência social, a saúde ou as obras públicas.
O ministro disse que a América "é o principal sócio comercial" da Argentina, que destina aos demais países da região 60 por cento de suas exportações e lhes compra 55 por cento dos produtos importados.
Mas ressaltou que os produtos argentinos enfrentam barreiras alfandegárias e, além disso, estão em vigor políticas de subsídios à agricultura "destinadas especialmente aos produtores locais dos Estados Unidos".
-Se queremos benefícios concretos para nosso país, temos de nos envolver e defender nossas condições- disse o chanceler argentino, em momentos em que se sucedem no país as manifestações de rejeição ao projeto de abertura comercial na América.
Bielsa insistiu que "nenhuma negociação, independentemente dos países que a integram, é boa ou má por definição" e que os resultados dependem basicamente de como a Argentina negocia.
A Alca, que envolve todos os países americanos, exceto Cuba, está prevista para entrar em vigor em 2005. Em vista das divergências entre os países, a última reunião ministerial, realizada em Miami (EUA), resolveu levar adiante o projeto por meio de acordos bilaterais ou por grupos de países.