Após renúncia, Kirchner é o novo presidente da Argentina

Arquivado em:
Publicado Quarta, 14 de Maio de 2003 às 20:12, por: CdB

Em pronunciamento feito na província de la Rioja, onde nasceu, o ex-presidente Carlos Menem anunciou, nesta quarta-feira, sua desistência de disputar o segundo turno das eleições presidenciais, que aconteceria no próximo domingo. A renúncia de Menem automaticamente torna seu adversário, o também peronista Néstor Kirchner, vencedor das eleições, devendo assumir o mandato de quatro anos no dia 27 deste mês. Menem venceu o primeiro turno, disputado em 27 de abril, com 24 por cento dos votos, uma diferença de dois pontos percentuais. Entretanto, estava cerca de 40 pontos atrás de Kirchner nas pesquisas de intenção de voto com vistas à disputa do próximo domingo. Aos 72 anos - e, segundo analistas, selando sua extensa carreira política -, Menem disse, em declarações a emissoras de la Rioja, não haver "condições para um segundo turno". "Agora, temos que olhar para o futuro", acrescentou. "Vamos começar de novo na segunda-feira". Antes do anúncio do adversário, muito antecipado nos últimos dias, Kirchner fez um pronunciamento em termos duros, em que chegou a chamar o ex-presidente de "covarde". Governador da província de Santa Cruz, Kirchner esquivou-se de afirmar se Menem realmente havia abandonado a disputa, mas acusou o adversário de fugir às suas responsabilidades. "Menem está atacando a democracia com a mesma impunidade com que governou", declarou Kirchner, em entrevista coletiva em um hotel de Buenos Aires. "Assim, deixou que os argentinos vissem sua nova face, a covardia, e seu último gesto, o de fugir". "(Menem) privou os argentinos não apenas do direito de trabalhar e comer, mas também de votar", prosseguiu. "Minha geração se lembra de outros golpes à democracia, mas o inédito é que, desta vez, a tentativa tenha partido de um ex-presidente constitucional". Já na terça-feira, um dos principais assessores de Menem, o ex-embaixador argentino nos Estados Unidos Diego Guelar, tinha revelado à agência Reuters que o candidato desistiria de disputar a sucessão de Eduardo Duhalde. Menem chegou na manhã desta quarta-feira à sua província natal, La Rioja, a quase 1.200 quilômetros da capital, e lembrou, de forma supersticiosa, do significado que esta quarta-feira tinha para sua carreira política. "Ganhei a presidência pela primeira vez em um 14 de maio, me reelegi em um 14 de maio", disse. Presidente por uma década, entre 1989 e 1999, Menem foi acusado de plantar as sementes da pior crise econômica e social enfrentada pela Argentina, mas insistia que sua experiência ajudaria o país a se recuperar.

Tags:
Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo