Angústia e esperança tomam conta da Itália

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Publicado Sábado, 25 de Setembro de 2004 às 07:05, por: CdB

O desmentido dos Estados Unidos de que os dois iraquianos detidos nesta sexta-feira no Iraque não estão relacionados com o seqüestro das duas voluntárias italianas caíram como um balde de água fria na Itália, onde tinham se renovado as esperanças de que ambas estivessem vivas.

Hoje, sábado, a esperança tinha se reavivado com a publicação na imprensa italiana de informações do jornal kuwaitiano "Al Rain Al Amm", segundo as quais Simona Pari e Simona Torretta, ambas de 29 anos e seqüestradas no Iraque no dia 7 de setembro, "continuam vivas e estão bem", dois dias após dois grupos terroristas islâmicos terem anunciado a morte das duas na internet.

O governo italiano voltou hoje a pedir cautela na difusão de informações. Fontes do Ministério de Assuntos Exteriores informaram que este departamento deu ordens ao embaixador no Kuwait para que verifique a veracidade do que foi publicado pelo jornal.

O "Al Rain Al Amm" afirma hoje que "fontes bem informadas e muito próximas ao caso" desmentiram que as duas italianas foram degoladas e que estão sendo tratadas conforme os preceitos da "sharia", a lei islâmica.

O jornal diz que as fontes estão em contato com o movimento da Jihad e que este assegurou que os dois grupos que reivindicaram os assassinatos - um deles se apresentou na internet com o nome o Jihad no Iraque - não têm nada a ver com ele e que o que difundiram é falso.

Segundo as fontes, o objetivo do seqüestro das duas italianas "é enviar uma mensagem clara ao governo de Berlusconi para que entenda que o povo iraquiano é contra o envio de tropas italianas ao país e exige a sua retirada".

"A mensagem é clara. O povo iraquiano denuncia o envio de forças italianas no Iraque e pede uma decisão corajosa para retirá-las, como fez o governo espanhol, que as tirou para manter as relações de amizade com o povo iraquiano", escreve o jornal kuwaitiano.

Sobre o futuro das duas voluntárias, que trabalham para a ONG italiana "Un ponte per Bagdah" (Uma Ponte para Bagdá), que colabora em um projeto da Unicef para melhorar a educação escolar em Bagdá e em Basra,as fontes disseram ao jornal que não sabem qual será, já que tudo depende de como o Berlusconi vai responder a seus pedidos.

Os familiares das "duas Simonas", como são carinhosamente conhecidas na Itália, afirmaram hoje que são tantas as notícias contraditórias dos últimos dias, tantas as esperanças criadas e tantas as angústias que já não sabem o que dizer.

"Nem otimismo nem pessimismo. Temos que verificar primeiro a credibilidade do publicado em um jornal do Kuwait", disse Luciano Pari, pai de Simona Pari, comentando as notícias que continuam dando elas como vivas.

As palavras de ordem continuam sendo cautela e prudência. Sobretudo depois que ontem a TV Al Arabiya informou que as tropas americanas tinham detido na quinta-feira o líder de uma tribo iraquiana, Hatem Al Auad, e seu filho, Uday, na cidade de Ramadi, 100 quilômetros a oeste de Bagdá, na conflituosa província de Al Anbar, por sua suposta implicação no seqüestro das jovens.

A notícia da detenção dos supostos seqüestradores correu como um rastro de pólvora em toda a Itália. O país, sobretudo os pais das voluntárias, se animaram com a possibilidade de as detenções lançarem uma luz sobre o destino das "duas Simonas".

Poucas horas depois, vinha o desmentido do comando dos EUA, que negou em um comunicado que as duas detenções estejam relacionadas com os seqüestros, palavras que caíram como um balde de água fria na Itália, que de novo voltou a passar da alegria à angústia.

A imprensa italiana de hoje fala do "mistério" da detenção dos dois iraquianos e afirma que a operação gerou "dúvidas" entre os serviços secretos italianos, que temem que as detenções "possam acelerar negativamente" o desfecho dos seqüestros.

O governo de Silvio Berlusconi insiste em dizer que todo o possível está sendo feito para libertar as duas jovens e faz um convite à prudência.

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