Ameaça de desistência de Menem eleva temperatura da campanha

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Publicado Terça, 13 de Maio de 2003 às 14:17, por: CdB

A ameaça de uma eventual renúncia do candidato peronista neoliberal Carlos Menem à eleição de 18 de maio na Argentina elevou nesta terça-feira a temperatura da campanha, com a advertência do presidente Eduardo Duhalde e de seu candidato, Néstor Kirchner, de que o dano institucional causado por uma decisão como essa seria grave. - Há uma responsabilidade histórica de concluir este processo com o voto no segundo turno, interrompê-lo seria uma irresponsabilidade histórica -, disse Duhalde em declarações à rádio Cultura. Menem negou reiteradas vezes nos últimos dias que esteja pensando em desistir de participar do segundo turno, diante das pesquisas que mostram o peronista progressista Kirchner como favorito, com uma vantagem de entre 30 e 40 pontos. O ex-presidente (1989-99) obteve o primeiro lugar no primeiro turno, realizado no dia 27 de abril. Conseguiu 24,45% dos votos, dois pontos à frente de Kirchner, que obteve 22,24%. Se Menem renunciar à eleição, seu rival será declarado presidente com uma baixa porcentagem de votos e sem o respaldo que lhe daria o segundo turno, no qual o governador da província patagônica de Santa Cruz poderia obter sete em cada 10 votos, segundo as pesquisas. A possibilidade de renúncia ainda é analisada no comitê de campanha do ex-presidente, apesar de Menem ter afirmado na última segunda-feira (12), num comício na localidade periférica de La Matanza, que "aos que acham que me curvo, digo que não pensem nessa possibilidade". - Nós continuamos trabalhando. Contra os boatos não se pode fazer nada -, ratificou Menem nesta terça-feira, segundo revelou um de seus principais porta-vozes de campanha. No entanto, o comitê de campanha de Menem decidiu suspender a campanha publicitária nos meios impressos da província de Buenos Aires, bastião histórico de Duhalde, assim como suspender um ato desta terça-feira na localidade periférica de San Martín, de acordo com outras fontes citadas pelas agências locais. De acordo com estas fontes, Menem estaria disposto a viajar na tarde de terça-feira para Anillaco, sua cidade natal na província de La Rioja (noroeste), de onde poderia divulgar sua decisão definitiva. Segundo fontes menemistas citadas pela agência oficial Télam, "Menem não quer gerar um desgaste para o país e deseja que o domingo se transforme num confronto entre duhaldistas e menemistas porque quer um país pacificado". "Carlos Menem é capaz de tudo", reagiu Kirchner em declarações à imprensa depois de se reunir com o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Enrique Iglesias, num hotel no centro de Buenos Aires. O governador de Santa Cruz advertiu que Menem produziria um "dano institucional grave" ao país se retirasse sua candidatura ao segundo turno eleitoral. "Cada um sabe quais são as responsabilidades que têm neste momento", destacou ao advertir que os que tiveram mais responsabilidades no país costumam saber como escapar. Se isto acontecer neste caso, veremos a repetição do que ocorreu com a renúncia do ex-presidente Fernando de la Rúa, no dia 20 de dezembro de 2001, em meio a uma revolta popular que deixou 30 mortos. O candidato de Duhalde destacou que está "esperando que a eleição seja realizada no dia 18 de maio" porque "hoje há um caminho constitucional para seguir. Neste clima de rumores e desmentidos, Menem cancelou um encontro com os empresários de jornais para se reunir com o seu candidato a vice-presidente, o governador Juan Carlos Romero, e vários de seus colaboradores mais próximos para analisar os passos a seguir. Menem também se encontrou com o presidente do BID depois de uma reunião deste com Kirchner em outro hotel de Buenos Aires. O ex-presidente, no entanto, manteve-se afastado do assédio dos jornalistas, que queriam uma definição sobre a atitude que tomará no segundo turno. "Não tenho idéia se Menem renunciará à eleição", limitou-se a dizer o economista Carlos Melconian, cotado para ocupar o min

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