Al-Qaeda promete vingança eterna em caso de ataque dos EUA

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Publicado Terça, 25 de Setembro de 2001 às 12:31, por: CdB

A organização Al-Qaeda, do saudita Osama bin Laden, principal suspeito dos ataques terroristas do último dia 11, emitiu nesta terça-feira um comunicado alertando Washington para não atacar o Afeganistão e muito menos nenhum integrante de seu grupo guerrilheiro. A vingança do mundo mulçulmano "será eterna", diz bin Laden, em resposta à operação "Justiça Infinita", em curso nos EUA. "Onde quer que estejam americanos e judeus, eles serão atacados", diz o comunicado divulgado pela APP (Paquistan Press Agency), em nome do chefe militar do Al-Qaeda, Naseer Ahmed Mujahed. "Nós podemos nos defender, estamos preparados para a guerra", diz o documento. "Onde quer que estejam os mulçumanos, eles devem estar preparados para o jihad (guerra santa), a vitória será do Islã", declarou o grupo. Al-Qaeda é a organização armada de Osama bin Laden A organização de Osama Bin Laden, Al-Qaeda, uma rede com ramificações mundiais e financiamento aparentemente ilimitado, tem apenas uma razão de ser: a "guerra santa" contra os Estados Unidos. Seu núcleo é formado por milhares de antigos mujahedin, combatentes veteranos do Afeganistão que lutaram contra a ocupação soviética de 1979 a 1989 e que operam atualmente da Bósnia ao Tadjiquistão. Al-Qaeda, "a base", é acusada pelos Estados Unidos de ser o principal grupo por trás dos atentados do dia 11 e também dos ataques de 1998 contra as embaixadas americanas em Quênia e Tanzânia, que causaram a morte de 224 pessoas. A partir daquela data, a organização adotou o nome atual. O grupo também ocupa o topo da lista de 27 pessoas ou organizações cujos bens foram congelados ontem pelo presidente americano, George W. Bush. As origens da Al-Qaeda remontam aos últimos anos da presença do Exército Vermelho no Afeganistão, onde bin Laden consolidou a união de parte dos muçulmanos em uma luta permanente contra as potências ocidentais e seus aliados do mundo islâmico, classificados de "traidores". A organização começou a tomar forma em 1988. Mas passaram-se quatro anos até que os serviços de inteligência ocidentais relacionassem a Al-Qaeda aos atentados contra forças americanas em Arábia Saudita, Iêmen e Somália. A partir da Guerra do Golfo, bin Laden passou a concentrar seu alvo nos Estados Unidos, considerados a maior ameaça ao mundo muçulmano. Os serviços antiterroristas do Departamento de Estado norte-americano acusam a rede de bin Laden de participar em três atentados a bomba contra soldados americanos no Iêmen, em dezembro de 1992. Bin Laden assumiu ter derrubado helicópteros e matado soldados americanos na Somália em 1993. A organização também foi relacionada ao complô para assassinar o Papa João Paulo II durante sua visita a Manila em 1994, aos atentados contra vôos americanos transatlânticos em 1995, e a um plano para assassinar o ex-presidente americano Bill Clinton durante sua visita a Manila no mesmo ano. Em fevereiro de 1998, teve início um novo processo no plano teológico, que se traduziu na legitimação da guerra santa, a Jihad, contra o ocidente. Em Londres, a organização Azzam, que reúne mujahedin afegãos e bósnios, divulgou instruções para a oração das sextas-feiras, "dua", que relacionava todos os desafios da guerra santa a inimigos comuns: Estados Unidos e Israel. O próprio bin Laden pronunciou as instruções mais importantes (fatwa), em 20 de fevereiro, ao anunciar a criação de uma "frente mundial para a guerra santa contra os judeus e os cruzados", com o objetivo de "matar os americanos, civis e militares". A frente, com bin Laden como dirigente supremo e estrategista máximo, incluiu grupos terroristas apoiados por países como Irã e Sudão, que concordarão em deixar de lado suas divergências ideológicas para levar adiante um combate único, a Jihad.

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