Agricultores são capacitados para construir casas a baixo custo

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Publicado Terça, 25 de Janeiro de 2005 às 12:18, por: CdB

As atividades do V Fórum Social Mundial (FSM) terão um resultado prático para pelo menos 20 agricultores do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), acampados em Porto Alegre desde o início da semana passada. Os agricultores estão recebendo capacitação técnica para a construção de casas a baixo custo, com a utilização de materiais como palha, terra e pneus usados. O projeto de bioconstrução foi concebido por arquitetos de várias universidades do Rio Grande do Sul que decidiram colocar a mão na massa para mostrar durante o Fórum exemplos práticos das construções a baixo custo.

Dos 213 auditórios construídos para abrigar eventos do FSM, 20% foram erguidos pela bioconstrução. Com teto de palha, chão de pedra e paredes de barro, os auditórios foram montados por integrantes do MST com o auxílio de arquitetos do Rio Grande do Sul. "São espaços construídos com material alternativo, para dar maior conforto térmico. Essa moradia garante conforto com baixo custo. Existem construções feitas com barro que possuem mais de 300 anos. Dependendo de como a técnica é aplicada, ela pode ter a durabilidade bem grande", ressaltou o arquiteto Gabriel Menna Barreto.

A técnica da bioconstrução já é conhecida por alguns agricultores no Centro de Formação Estadual do MST em Porto Alegre. A capacitação dos 20 trabalhadores rurais durante o Fórum tem como objetivo incentivá-los a ensinar as técnicas a outros trabalhadores do movimento. "A intenção é que eles reproduzam o conhecimento em suas comunidades. Queremos de certa forma pressionar os órgãos federais para reverterem o quadro atual de falta de moradia com novas tecnologias que possibilitem aos agricultores terminarem as suas construções", disse o coordenador do Centro de Formação do MST, Leandro Feijó Fagundes.

O trabalhador rural Adão da Silva aprovou a nova técnica. Pai de cinco filhos, ele vive com a esposa em um acampamento do MST nas redondezas de Porto Alegre. O desejo de Adão é construir a casa definitiva da família quando conseguir se instalar em um acampamento do movimento. "Eu quero fazer um galpão como esse aqui do Fórum. Hoje, vivemos em barracos de lona. Vou repassar tudo o que aprendi para os meus companheiros", garantiu.

O custo de uma casa de 64 metros quadrados com as técnicas da bioconstrução sai em torno de R$ 4 mil. Segundo o arquiteto Gabriel Menna Barreto, a mesma casa custaria pelo menos R$ 20 mil se fossem utilizados materiais tradicionais como o cimento e o tijolo. "São materiais convencionais, encontrados em qualquer região brasileira", ressaltou o arquiteto.

Os trabalhadores e os arquitetos do projeto de bioconstrução esperam uma visita do ministro das Cidades, Olívio Dutra, e do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva às instalações no Fórum. O objetivo dos idealizadores da projeto é que as técnicas sejam repassadas ao governo federal para que sejam implantadas em todo o país.

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