Adolescente é morto após violentos protestos no Chile
Por Antonio de la Jara e Alexandra Ulmer
SANTIAGO (Reuters) - Um adolescente morreu na manhã desta sexta-feira na capital chilena no fim de um período violento de protestos, depois de dois dias de uma greve geral por exigências trabalhistas, que esteve marcada por grandes marchas, saques e panelaços.
O governo informou que as mobilizações também deixaram 153 policiais e 53 civis feridos, e quase 1.400 pessoas detidas, além do jovem morto.
"Quando há um morto não faz muito sentido falar da destruição da propriedade e dos feridos", afirmou o subsecretário do Ministério do Interior, Rodrigo Ubilla.
"O Chile... tem que estar triste porque todos nós não fomos capazes de poder avançar de forma pacífica e ordenada para resolver os grandes problemas", acrescentou o palácio presidencial num balanço das manifestações.
A polícia informou que a vítima foi identificada como Manuel Gutiérrez Reinoso, de 16 anos, que morreu baleado nos arredores de uma barricada depois que testemunhas escutaram tiros atribuídos à polícia.
Trata-se da primeira pessoa a morrer desde o início de uma onda de manifestações e protestos iniciada há cerca de três meses por estudantes, que exigem educação gratuita, e que nos últimos dois dias foram convocados pelo maior grupo sindical do país.
"Neste momento (a promotoria) se encarregou das primeiras diligências. O governo espera de forma decidida que se resolva de maneira rápida e se esclareça o que aconteceu por trás do falecimento deste jovem", disse Ubilla.
Rádios locais disseram que testemunhas viram a polícia fazer cerca de três disparos perto de uma barricada onde estava o adolescente. Um dos tiros teria atingido o peito da vítima.
É "um caso gravíssimo de direitos humanos. Alguém aqui tem que se responsabilizar por esse crime, que o presidente da República se responsabilize se for sua responsabilidade, o ministro do Interior, ou a quem corresponda", disse Miguel Fonseca, vizinho do bairro onde faleceu o menor.
Além da morte do jovem, durante a noite foram registrados violentos confrontos entre encapuzados e a polícia, que usou canhões de água e gás lacrimogêneo para dissolver os protestos na capital e em outras cidades do país.
Reuters