Acordo sobre energia na Rio+10 levanta críticas de ambientalistas

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Publicado Segunda, 02 de Setembro de 2002 às 20:53, por: CdB

Os líderes mundiais presentes na Rio+10 anunciaram na noite desta segunda-feira um acordo para o problema energético. No entanto, ambientalistas e integrantes da delegação brasileira afirmaram que a medida está na "contramão da sustentabilidade". O texto final do acordo, que será assinado pelos chefes de Estado, não só deixa de estabelecer metas de renovação de matrizes de energia, como também não define nenhum período para que os países do mundo adotem fontes alternativas. "É frustrante. O texto tem pouquíssimos aspectos e, na minha opinião, abre precedentes para a inclusão da energia nuclear como uma forma de energia limpa", disse o ambientalista Rubens Bhorn, do Fórum Brasileiro de ONGs. Outra questão polêmica também aparece no texto: a inclusão de grandes hidrelétricas como fontes de energia renovável, como desejava a União Européia - embora ambientalistas afirmem que elas prejudicam o meio ambiente. Documento O texto do documento prevê maiores investimentos em formas alternativas e avançadas de energia. Segundo Bhorn, embora não cite a energia nuclear, fica praticamente claro que as usinas do setor serão consideradas limpas porque são o tipo de energia mais avançado. "Para mim, o texto foi um retrocesso. O texto do Rio, em 1992, era mais claro e propunha mais avanços do que o de hoje", disse. O acordo prevê ainda transferências de tecnologias relacionadas à energia entre países ricos e pobres, o que preocupa ainda mais os ambientalistas, já que aumenta o risco de acidentes nucleares. "Os termos são um fracasso. Não dá para se falar em desenvolvimento sem energia", afirmou Marcelo Furtado, do Greenpeace. G-77 O documento final foi elogiado por boa parte dos paises do G-77, grupo do qual o Brasil faz parte. Os países produtores de petróleo não queriam metas alternativas de energia. A proposta de retirar do acordo prazos para a produção de novas fontes de energia foi da União Européia, numa tentativa de se chegar logo a um acordo. O presidente Fernando Henrique Cardoso declarou, antes da decisão, que o Brasil manteria as suas metas energéticas de 10% de fontes renováveis até 2010, independente do resultado do acordo. Nesta segunda feira, o governo brasileiro anunciou duas parcerias com países europeus relacionadas à energia renovável.

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