Acordo do PMDB com governo ainda não será formalizado, diz Sarney

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Publicado Terça, 13 de Maio de 2003 às 12:13, por: CdB

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), anfitrião do almoço que selaria o acordo do PMDB com o governo, disse que apesar do gesto do presidente Lula de se aproximar da bancada do partido, a participação da legenda no governo não será formalizada nesta terça-feira. - O presidente mostrou seu apreço pelo PMDB e desejo de ter o partido no seu governo, mas não vamos formalizar o acordo nesta terça-feira -, disse. O líder do partido no Congresso Renan Calheiros (AL) disse que o ingresso da legenda na base do governo só acontecerá quando o partido tiver um ministério. No entanto ele deixou a entender que o gesto do presidente Lula pode garantir apoio de parte do partido às reformas previdenciária e tributária. - Esse gesto do presidente é de aproximação e pode culminar em torno da divisão de responsabilidade com o governo -, disse. Calheiros disse ainda que o PMDB é grande e complexo, "mas depois que decidir (se apóia ou não o governo), decidiu. O eventual apoio do partido às reformas também pode ser interpretado pelas declarações dos deputados Eunicio de Oliveira (CE) e Geddel Vieira Lima (BA), principais lideranças do PMDB que se opõem à participação do partido no governo. Eles também falaram em aproximação e não na conclusão do acordo. - A decisão marjoritária, inclusive na Câmara, é apoiar o governo. E o presidente [do PMDB] Michel Temer, que é um democrata, sabe tem que prevalecer os interesses do país sobre interesses particulares -, disse Oliveira. A aproximação do partido e o governo começou na semana passada, com a indicação do senador Amir Lando (PMDB-RO) para ocupar a liderança do governo no Congresso. A expectativa é a de que o apoio do partido culmine com a entrega de um ministério quando Lula fizer sua primeira reforma ministerial, que deve acontecer no final do ano, logo após a votação das reformas previdenciária e tributária. O apoio do PMDB às reformas sem uma reforma ministerial já é uma vitória pessoal do presidente Lula. Os ministros José Dirceu (Casa Civil) e Palocci (Fazenda), entre outos, defendem a entrada do partido no governo o mais rápido possível. Eles temem dificuldades na votação das reformas. Controle do partido Por trás do apoio do partido ao governo, está a disputa pelo controle da legenda. que por oito anos esteve nas mãos do grupo que apoiou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Nos bastidores, discute-se a antecipação da Convenção Nacional do PMDB, marcada para setembro, para mudanças no comando do partido. O deputado federal Michel Temer (SP), que ocupa a presidência da sigla, quer postergar a convenção para se manter no posto, mas tem contra si os congressistas que vêm sendo assediados pelo governo federal. Temer tenta resistir, impondo condições a um acordo, mas a adesão vem crescendo. Renan Calheiros (AL), líder do PMDB no Senado e alinhado a Temer, tem se posicionado a favor do apoio ao governo Lula, esvaziando o movimento que defende "independência" do partido.

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