AAA 5 de Setembro de 2011 - 19h07 Medo de nova recessão mundial abala bolsas e preocupa Brasília

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Publicado Segunda, 05 de Setembro de 2011 às 13:23, por: CdB

As bolsas de valores fecharam esta segunda-feira, 5, em forte queda na Europa. Frankfurt despencou 5,28%, enquanto Londres caiu 3,58%, Milão perdeu 4,83% e Paris fechou em queda de 4,73%. Na Ásia, a semana também começou em baixa, sob o signo do pessimismo com os rumos da economia nos Estados Unidos e na Europa. O Ibovespa caiu 2,71%, aos 54.998 pontos, acompanhando a tendência mundial numa jornada sem operações em Wall Stret devido ao feriado do Dia do Trabalho nos EUA.

A crise também ocupou a agenda do Palácio do Planalto. Durante uma reunião da coordenação política, realizada à tarde, o ministro da Fazenda desenhou um cenário por ele mesmo classificado de “preocupante”. Guido Mantega teria citado declaração da diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, considerando iminente a recessão mundial. Ao mesmo tempo, ele reiterou que o Brasil “está sólido e preparado para enfrentar as adversidades”.

Presidente Zero

A possibilidade de uma nova recessão mundial foi apontada pelos analistas como a principal causa da queda no valor das ações. Os dados sobre o comportamento do mercado de trabalho estadunidense, divulgados no final da semana passada, assustaram os investidores.

A maior economia do mundo terminou o mês de agosto sem criar nenhum novo posto de trabalho. A oposição aproveitou a deixa para apelidar Obama de “Presidente zero”. O desemprego segue sendo o principal problema do país, com reflexos altamente negativos para a produção na medida em que impede a reativação da demanda interna e desestimula a atividade industrial.

Itália e Alemanha

Do outro lado do Atlântico, a vida também não é das melhores. Ao quadro desanimador dos EUA, somaram-se os rumores de que o rating soberano da Itália pode ser rebaixado. Além disso, aumentou o risco de a liberação de um segundo programa de socorro financeiro à Grécia não se materializar, em função da derrota política sofrida pelo partido da direitista chanceler alemã Angela Merkel.
Merkel sofreu um importante revés político no final de semana. O partido de oposição Social Democrata venceu as eleições na região de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, estado natal de Merkel. A oposição liderada pelo partido Social Democrata levou 35,7% dos votos, contra 23,1% da União Democrata Cristã.

Foi a quinta derrota seguida em eleições neste ano do partido de Merkel. O foco da campanha dos opositores está voltado para as críticas sobre como a chanceler tem lidado com a crise da dívida dos países que compõem a zona do euro. A Alemanha, como o maior país da região, tem um papel determinante na região, mas sua maior preocupação é garantir o pagamento da dívida, tendo em vista que os bancos alemães são os maiores credores da Europa. Em função disto, o governo Merkel apoia os planos de ajuste elaborados pela chamada troika (FMI, BCE e UE), que estão aprofundando a crise da economia real na zona do euro.

Atividade manufatureira

O ministro de Economia da Itália, Giulio Tremonti, cancelou repentinamente uma aparição que faria em um evento público na cidade de Piacenza, no norte do país, e voltou para Roma para uma reunião ministerial.

Um indicador que mede a atividade manufatureira e de serviços na zona do euro mostrou um fraco desempenho em agosto. O Índice de Gerentes de Compra (PMI, na sigla em inglês) ficou em 50,7 pontos no mês passado, uma queda ante os 51,1 pontos alcançados em julho.

O Société Générale afirmou que as três principais agências de classificação de risco (Moody’s, Standard & Poor’s e Fitch) devem cortar a nota da Itália. Os principais motivos seriam as fracas previsões macroeconômicas para o orçamento, além de incertezas sobre a capacidade da Itália de conseguir financiamento no mercado.

A agência de classificação de risco Moody’s afirmou, por meio de um porta-voz, que seu rating Aa2 para a Itália continua em revisão para possível rebaixamento.

Classificação de risco

O banco lembra que a Moody’s colocou o rating Aa2 da Itália em revisão para possível rebaixamento em 17 de junho, a S&P alterou sua perspectiva para o rating A+ para negativa em 20 de maio e a Fitch mantém seu rating AA com perspectiva estável. “Assim, rebaixamentos por todas as três principais agências parecem prováveis, dados os recentes desdobramentos”, comenta o banco.

Quem partilha dessa visão é o Rabobank. “Tomando como referencial as revisões das agências para os ratings de todos os países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) desde 2000, a Itália tinha uma chance de 94% de ser rebaixada na última semana de agosto”, afirmou o banco, acrescentando que os ratings “já parecem estar com os dias contados”.

As ações dos principais bancos europeus estiveram entre as principais quedas do dia. Os papéis do francês Société Générale despencaram 8,6% e do alemão Deutsche Bank caíram 8,86%.

Sem confiança

O diretor da Corretora Futura, André Ferreira, avalia que a demora das autoridades europeias para tomar uma ação coordenada para combater a crise da dívida volta a desanimar os agentes.

“O mercado não está confiante. E, nos Estados Unidos, mesmo que um novo ‘quantitative easing’ seja adotado, a medida será mais voltada a evitar uma recessão que à retomada da economia do país”, observa.

No Brasil, por enquanto, o principal impacto da crise é sobre o mercado de ações, que sofre forte desvalorização ao longo dos últimos meses. O aprofundamento da crise, porém, tende a criar problemas noutras frentes na medida em que afetar o sistema de crédito e o comércio internacional. Foi isto que levou o Banco Central a decidir pela redução de 0,50% na taxa básica de juros (Selic) durante reunião do seu Comitê de Política Monetária (Copom) realizada quarta-feira da semana passada.

Da Redação, com agências


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