AAA 21 de Setembro de 2011 - 18h27 Dólar tem maior alta desde a crise de 2008 e fecha a R$ 1,865

Arquivado em:
Publicado Quarta, 21 de Setembro de 2011 às 13:19, por: CdB

O dólar comercial registou a maior alta diária desde os piores pregões da crise de 2008. A linha de R$ 1,80 foi ultrapassada sem dificuldade e algumas análises técnicas apontam que dólar acima de R$ 1,90 não é nada difícil.

O comportamento do câmbio, que reflete a crise internacional e as medidas adotadas pelo governo para conter a especulação com a valorização do real, está em linha com os interesses dos exportadores. Estes ganham em competitividade na medida em que o real desvaloriza.

Efeitos contraditórios

Mas os efeitos da queda do dólar são contraditórios e a preocupação maior agora é com a inflação, que sofre pressões adicionais devido ao encarecimento dos importados. A política de câmbio flutuante, num ambiente de crise e excessiva volatilidade, impossibilita previsões confiáveis sobre o futuro das cotações.

Os fatos indicam que a crise, tal como ocorreu em 2008, tende a provocar uma reversão do fluxo de capitais em direção aos EUA, apreciando o dólar. A instabilidade provoca insegurança nos negócios, especialmente no comércio internacional, já que embaralha os preços relativos das exportações.

Lembrando 2008

O dólar comercial fechou o dia com alta de 4,24%, a R$ 1,865 venda. Na máxima, a cotação foi a R$ 1,872 (+4,64%). O giro estimado para o interbancário ficou em US$ 1,4 bilhão, abaixo da média de US$ 2 bilhões e pequeno para explicar tamanha variação de preço.

A moeda americana não subia tanto em um único pregão desde 22 de outubro de 2008, quando saltou 6,67%. Tal preço de fechamento é o maior desde 7 de junho do ano passado.

Da mínima do ano, registrada em 26 de julho, a R$ 1,537, o preço da moeda americana já subiu 21,34%.

Mercado futuro

Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar pronto subiu 3,01%, para R$ 1,8505. O volume negociado no dia somou US$ 100 milhões, contra US$ 86,75 milhões no pregão anterior.

Também na BM&F, o dólar para outubro tinha alta de 5,74%, a R$ 1,895, antes do ajuste final, depois de fazer máxima a R$ 1,902.

No câmbio externo o dólar também subiu, mas nada comparado ao que é observado no câmbio local. De fato, o real é, novamente, a moeda que mais cai ante a divisa americana dentro de uma cesta com moedas emergentes e de países desenvolvidos. Foi também isto que se verificou em 2008.

Nas mesas de operação o que mais se ouviu foi a tal “zerada de estrangeiro”, ou seja, o investidor que estava apostando no real se viu obrigado a virar de mão.

Também se nota a presença de novos agentes buscando dólar futuro para fazer proteção (hedge). Segundo um operador, as empresas com dívidas em dólar teriam feito compras volumosas hoje, tanto no mercado futuro quanto no mercado de balcão.

A demanda por dólar não deu trégua mesmo depois de o Banco Central (BC) anunciar que não iria fazer a rolagem de swaps cambiais reversos, contrato que equivale a uma compra de dólar no mercado futuro. Ao não rolar os US$ 2 bilhões em swaps que venceriam em outubro é como se o BC tivesse “vendido” tal quantidade de moeda no mercado.

O baixo volume negociado no interbancário, US$ 1,4 bilhão, e os dados sobre fluxo cambial, mostrando sobra de dólares de US$ 8,515 bilhões em setembro até o dia 16, indicam que essa alta do dólar tem origem no mercado futuro de dólar.

De fato, é lá que o preço é formado e depois transmitido para o mercado à vista. Isso decorre de uma série de deformidades do mercado físico de dólar, que acabam transferindo a liquidez para o mercado futuro.

Interessante notar que é justamente no mercado futuro que o governo fez sua última atuação, passando a cobrar 1% de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) no aumento líquido de posição vendida. Ou seja, vender dólar paga pedágio. Então, em momentos como esse, por mais que o preço seja convidativo à venda, o investidor pensa duas vezes em função do custo dessa operação.

No câmbio externo, o Dollar Index, que mede o desempenho da divisa americana ante uma cesta de moedas, tomou fôlego e subia 0,93%, a 77,74 pontos depois que o Federal Reserve (FED), banco central americano, anunciou a decisão de sua última reunião.

Um novo plano de estímulo propriamente dito não foi anunciado, mas o BC entregou o que se discutia no mercado. Um alongamento no prazo dos títulos que tem em carteira. O valor do plano ficou em US$ 400 bilhões, mas não agradou aos investidores, já que as bolsas acentuaram a queda e o dólar a alta.

Ainda no câmbio externo, enquanto o dólar tomou fôlego, o euro desandou. Há pouco, a moeda comum caía 0,90%, a US$ 1,357.

Com informações de Eduardo Campos, do Valor


Tags:
Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo