Visita de FHC à Rússia e Ucrânia decepciona empresários brasileiros

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Publicado Sexta, 18 de Janeiro de 2002 às 19:05, por: CdB

Membros da comitiva que acompanhou o presidente Fernando Henrique Cardoso em sua viagem à Rússia e à Ucrânia, encerrada nesta quinta-feira, disseram que as visitas decepcionaram no campo comercial, ainda que do lado diplomático possam ser consideradas um sucesso. As autoridades brasileiras assinaram vários acordos de cooperação na Rússia, que anunciou o apoio à candidatura brasileira para ocupar uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU. Na Ucrânia, o destaque foi a assinatura de entendimentos para cooperação nas áreas energética, de exploração de petróleo e gás e na área espacial. Mas em pelo menos dois setores - o aeronáutico e o de carnes - russos e ucranianos frustraram os empresários brasileiros. Empresários do setor de carnes, por exemplo, esperavam que as autoridades russas anunciassem a abertura do mercado de varejo para os produtos brasileiros. No entanto, devido a restrições fitossanitárias, os russos decidiram manter a medida. Desde o ano passado, quando houve um surto de febre aftosa no Rio Grande do Sul, os russos decidiram suspender as importações de todas as carnes do Estado. Além disso, eles passaram a proibir a venda no varejo dos produtos vindos das demais regiões do Brasil - temendo que o surto de aftosa gaúcho fosse um indicativo de problemas no resto do país. "A visita ao Brasil de um representante russo da área sanitária, provavelmente no final de fevereiro, deve nos fazer avançar bastante na resolução desse problema", disse o secretário nacional de Defesa Agropecuária, Luís Carlos Oliveira. Segundo o secretário, o Brasil está fazendo sua parte, "fornecendo informações complementares sobre as condições de saúde dos rebanhos e fazendo gestões junto aos russos". Mas Oliveira não quis adiantar a data em que acredita que a carne brasileira vai ser liberada para o varejo na Rússia. Já a Embraer enviou um representante a Moscou para sondar empresas de aviação regional no país, com bom potencial para a compra de aviões comerciais produzidos pela empresa brasileira. Também teriam havido sondagens para a formação de parcerias, com o objetivo de produzir no Brasil aviões cargueiros. Mas não houve grandes avanços. O empresário Orlando Arruda, presidente da Câmara do Comércio Brasil-CEI (Comunidade de Estados Independentes, organização da qual fazem parte a Rússia e a Ucrânia), confirmou que ocorreram problemas durante as negociações dos brasileiros com russos e ucranianos nesse setor. "Houve confusão, porque vários representantes diferentes da indústria aeronáutica nos abordaram querendo fazer negócios. Seria mais fácil se apenas uma pessoa representasse a todos os que quisessem dialogar com o Brasil", disse Arruda. Para o ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, o Brasil fez sua parte para fechar mais negócios no setor. "A Embraer esteve presente nesta viagem e realizou um esforço na tentativa de firmar parcerias", disse Lafer. De fato, a Embraer fez um convite a representantes da Aeroflot, a principal empresa aérea comercial russa, para que enviasse representantes ao Brasil conferir a produção dos aviões da empresa de perto. A Avibrás também realizou negociações e anunciou ter firmado um entendimento com a empresa russa Rosoboronexport para a fabricação de aviões no Brasil, entre eles os caças Sukhoi. A empresa russa também é uma das candidatas na licitação anunciada pelo governo brasileiro para a compra de 12 a 24 caças, a um custo de US$ 700 milhões. A francesa Dassault, em parceria com a Embraer, além das empresas Lockheed Martin, dos Estados Unidos, e o consórcio formado pela britânica British Aerospace e a empresa sueca Gripen também estão no páreo.

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