Violência na Bolívia se espalha e mata 58 pessoas

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Publicado Quarta, 15 de Outubro de 2003 às 07:54, por: CdB

A revolta popular contra o governo de Gonzalo Sánchez de Lozada gerou novos choques violentos entre manifestantes e o Exército na terça-feira na Bolívia.

Segundo organizações de defesa dos direitos humanos, os conflitos aumentaram para 58 o número de mortos e para 150 o número de feridos nos seis dias de confrontos entre os manifestantes e a polícia.

Os protestos e a repressão podem se agravar, já que estão sendo observados agora em pelo menos outras quatro regiões do país. O presidente, no entanto, continua afirmando que não irá renunciar.

Além da cidade de El Alto, próxima a La Paz e epicentro dos protestos, manifestações também ocorrem nos departamentos de Cochabamba e Sucre e nas cidades de Oruro e Potosí, onde greves já são observadas.

Soldados e medo

Em La Paz, as ruas amanheceram tomada por soldados, e muitos moradores, aterrorizados, não saíram de casa.
Segundo o correspondente da BBC na Bolívia, a paralização na sede do governo é total. O abastecimento de gás de cozinha e gasolina está prejudicado e muitas lojas não estão abertas fazendo faltar comida.

Nesta terça-feira, ao menos um civil foi morto em El Alto, de acordo com um grupo de defesa dos direitos humanos.

A morte ocorreu no choque de milhares de manifestantes - entre plantadores de coca e motoristas de ônibus - com soldados enviados ao local para tentar conter a revolta.

Em La Paz, dezenas de tanques cercavam o palácio presidencial, protegendo Sánchez de Lozada de manifestantes que, a poucos metros, gritavam ameaças de morte contra o mandatário.

O presidente resiste às demandas por sua renúncia, apesar do racha em sua coalizão de governo que culminou na dissidência de quatro ministros na segunda-feira.

O vice-presidente, Carlos Mesa, retirou seu apoio ao governo no fim de semana, mas disse nesta terça-feira que "pressionará o Congresso por uma solução pacífica", sem especificar que tipo de medida exigirá.

O líder indígena Felipe Quispe, um dos articuladores dos protestos, voltou a pedir a renúncia do presidente e admitiu que sua intenção é tomar o poder no país andino empobrecido.

"Pretendemos tomar o poder como indígenas e acabar com a matança que esse presidente está realizando", disse.

Os manifestantes se opõem às políticas pró-EUA e pró-livre mercado do presidente boliviano e acusam o governo de não conseguir retirar o país de 20 anos de estagnação econômica.

A exportação de gás natural desencadeou os protestos.

Os distúrbios são alimentados principalmente por indígenas, que acusam Sánchez de Lozada de favorecer os EUA numa aliança de combate às drogas. Plantadores de coca, liderados pelo deputado Evo Morales, estão furiosos com o programa para erradicar seus plantios. Professores e motoristas de ônibus estão em greve.

Evo Morales chamou a população às ruas para protestar e bloquear ruas em todo o país.

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