Violência e divisão interna ameaçam processo de paz

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Publicado Segunda, 09 de Junho de 2003 às 08:16, por: CdB

Os membros do Partido Likud do primeiro-ministro Ariel Sharon vaiaram e protestaram na noite de domingo (horário local), enquanto Sharon enfrentava a última rodada de críticas dos tradicionais aliados da extrema direita diante de suas propostas de concessões aos palestinos. "Vá para casa, Vá para casa", gritavam alguns membros do Likud em uma convenção do partido aqui, onde eles repetidamente interromperam o discurso do primeiro-ministro. "Sharon se rendeu ao terrorismo", mostrava um dos muitos cartazes de protesto contra Sharon no local. Em Ramallah, poucos quilômetros ao norte de Jerusalém, o primeiro-ministro palestino, Mahmoud Abbas, está enfrentando sua própria barragem de críticas, tanto dos partidários linha-dura quanto dos moderados, que o acusam de ser excessivamente conciliatório com Israel. Enquanto Sharon é politicamente forte, e Abbas é vulnerável em seu novo posto, ambos enfrentam a pressão interna, que está ameaçando o plano de paz no Oriente Médio antes que os primeiros passos tenham sido tomados. - Aos palestinos está se oferecendo quase tudo, e nós estamos recebendo apenas violência e incitação - afirmou Yuval Steinitz, um importante congressista do Likud. Ele afirma que está entre os partidários de Sharon. - As pessoas estão questionando o que nós receberemos em troca. Sharon afirmou que Israel não deveria controlar os 3.5 milhões de palestinos na Cisjordânia e Faixa de Gaza, e destacou que a "ocupação" era ruim para Israel, usando uma palavra politicamente carregada que ele nunca havia pronunciado em público. Após os ataques palestinos no domingo - que mataram sete israelenses e deixaram vários feridos - as autoridades israelenses não levantaram o prospecto de iminente ação militar ou criticaram diretamente Abbas. Abbas também está enfrentando dura oposição e deve prosseguir sem o apoio político que Sharon construiu. Os palestinos manifestaram grande desapontamento por Abbas não ter sustentado as demandas palestinas por um Estado nacional ao final do encontro de cúpula na semana passada. Abbas, que também é conhecido como Abu Mazen, afirmou durante o fim de semana que a declaração então não havia sido necessária. Mas ele encontrou tamanha crítica que na segunda-feira, em uma coletiva de imprensa, ele defenderá sua posição. - Haverá um levante interno se este processo não apresentar frutos - afirmou o Dr. Ali B. Jarbawi, professor de ciência política na Bir Zeit University em Ramallah. - Se o governo israelense não responder, então eles estão tentando levar Abu Mazen a um conflito palestino interno.

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