Violência assume contorno de tragédia universal no Iraque

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Publicado Segunda, 30 de Outubro de 2006 às 09:59, por: CdB

Pelo menos 30 pessoas morreram, nesta segunda-feira, num atentado a bomba contra um reduto xiita de Bagdá, enquanto o número de soldados americanos mortos no Iraque chegou a 99 somente em outubro, até agora o mês mais sangrento do ano para os militares dos Estados Unidos. Analistas acreditam que o quadro de violência no país chega às raias do flagelo humanitário. No distrito de Sadr City, um dos maiores da capital, a explosão de uma bomba num centro de contratação de operários matou 30 pessoas e deixou 59 pessoas feridas, segundo fontes policiais.

O atentado aconteceu por volta das 7h (1h de Brasília), quando várias pessoas estavam na Praça 55 de Sadr City em busca de emprego. As forças de segurança iraquianas, comandadas pelo Exército americano, reforçaram as medidas de segurança na região há quatro dias, quando começaram as buscas por um soldado americano seqüestrado na segunda-feira passada enquanto visitava seus parentes num bairro fora da protegida Zona Verde.

As Forças Armadas americanas garantem ter "informações" sobre a transferência do soldado seqüestrado para Sadr City, região com três milhões de habitantes considerada reduto da milícia do Exército Mehdi, liderada pelo clérigo xiita Moqtada al-Sadr. Sadr tinha permitido que as tropas americanas entrassem no distrito para procurar o soldado, desde que não usassem a força contra a população de Sadr City, afirmaram fontes ligadas ao clérigo xiita.

O atentado no distrito não foi o único registrado hoje. Outros três ataques com carros-bomba deixaram oito mortos e 30 feridos. Segundo a Polícia, um carro explodiu nas proximidades de um hospital situado na zona oeste de Bagdá, matando três pessoas e ferindo oito. Outras três pessoas morreram e dez ficaram feridas na explosão de um outro veículo num mercado popular do bairro Al-Biaa, também na zona oeste da capital.

Já em Kirkuk, 250 quilômetros ao norte de Bagdá, um atentado suicida contra a Polícia local matou pelo menos duas pessoas e feriu 11, informaram fontes policiais. Segundo informações, um homem detonou explosivos que levava junto ao corpo na entrada do quartel das forças de segurança por volta das 12h15 (6h15 de Brasília), disse à Efe o oficial de Polícia Burhan Taha. Já o sunita Issam Arrawu, membro da Comissão de Ulemás Iraquianos e máxima autoridade sunita do país, foi baleado enquanto caminhava com duas pessoas pelo bairro Al-Yarmouk, no oeste de Bagdá.

Arrawi, também ex-presidente do comitê nacional de professores universitários, é considerado uma das principais personalidades políticas sunitas e um pensador islâmico moderado que se opunha ao Governo do xiita Nouri al-Maliki e à ocupação americana. Em meio à violência que sacode o país, fontes do Ministério do Interior anunciaram ter encontrado 31 corpos nas últimas 24 horas em Bagdá.

Entre os cadáveres estão os de uma jornalista e seu motorista, que trabalhavam para a "Al-Iraqiya", o canal de televisão estatal iraquiano. Além disso, o Exército americano comunicou hoje mais uma morte entre seus soldados. Com isto, chega a 99 o número de militares americanos mortos durante o mês de outubro. Segundo um comunicado do comando militar americano, o soldado não resistiu aos ferimentos que sofreu durante uma "operação de combate" na província de Al-Anbar, no oeste do Iraque.

A nota afirma que o marine foi ferido num combate com homens armados nessa província, considerada reduto da insurgência árabe sunita. Esta nova morte torna o mês de outubro o mais sangrento do ano para o Exército americano e um dos piores desde janeiro de 2005, quando 107 soldados dos EUA morreram no Iraque.

O maior número de mortes nas tropas americanas foi registrado em novembro de 2004, quando 137 soldados perderam a vida em diferentes combates com insurgentes que se refugiavam na cidade de Faluja, 65 quilômetros ao oeste de Bagdá.

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