Vedoin sustenta acusação contra nove deputados

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Publicado Quarta, 08 de Novembro de 2006 às 08:57, por: CdB

O empresário Luiz Antonio Vedoin, dono da Planam - empresa suspeita de exercer o tráfico de influência e a distribuição de propinas a políticos na máfia das ambulâncias -, acusou nove deputados de terem pessoalmente recebido propina ou negociado a elaboração de emendas parlamentares direcionadas. Em depoimento no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, transcrito nesta quarta-feira, Vedoin recusou-se a prestar depoimento como testemunha e a assinar o juramento de dizer apenas a verdade. Ao final, também recusou a responder os questionamentos dos advogados de defesa dos parlamentares acusados, não se submetendo ao "crivo do contraditório", termo utilizado pelos advogados.

Segundo o empresário, negociaram pessoalmente com ele os deputados Lino Rossi (PP-MT), que recebeu pagamento em sua conta pessoal; Enivaldo Ribeiro (PP-PB); José Divino (sem partido-RJ), recebeu pagamento entregue em espécie; Ricardo Rique (PL-PB); Josué Bengston (PTB-PA); Wanderley Assis (PP-SP); João Caldas (PL-AL), recebeu pagamento em sua conta pessoal; Ideu Araújo (PP-PB); e Irapuan Teixeira (PP-SP), que recebeu pagamento em espécie.

Para o presidente do conselho, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), o depoimento de Vedoin "foi esclarecedor, aberto e muito útil. Trouxe muitas novas informações. Muito bom, principalmente para os relatores terminarem os seus pareceres. Ele foi claro e frio, realmente impressionante".

Durante a sessão, cada deputado teve dez minutos para fazer questionamentos sobre os deputados investigados. O último parlamentar a se pronunciar foi João Correia (PMDB-AC), acusado de ser um dos deputados que teriam negociado com a Planam. Vedoin confirmou ter ido pessoalmente ao gabinete do deputado e que foi o próprio João Correia quem negociou com o prefeito do município beneficiado. Correia desmentiu desqualificando Vedoin.

- É um crápula, um falso. Não esteve no meu gabinete, nem sequer na Câmara. Aqui está a prova - afirmou, apresentando a lista da entrada da Câmara dos Deputados do mês de janeiro deste ano, em que não consta o nome de Vedoin.

- Sempre entrei pelo estacionamento de acesso dos deputados, entrei pela entrada da frente no máximo cinco ou seis vezes - replicou Vedoin, rindo.

A reação de João Correia surpreendeu o presidente do conselho.

- Me surpreendeu. Foi um diálogo um pouco ríspido. Amanhã, o João Correa vai depor aqui no conselho - anunciou  Ricardo Izar.

O que mais surpreendeu o presidente, no entanto, foram os detalhes prestados por Vedoin sobre a participação dos deputados:

- A entrega de dinheiro contínua e permanente para alguns deputados. Existiam coordenadores entre os deputados. Quatro ou cinco que eram os principais elementos e que inclusive traziam novos deputados. Um deles era o Lino Rossi.

Ricardo Izar ressaltou ainda que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Sanguessugas errou ao ter anunciado nomes apressadamente:

- Com a pressa por causa das eleições, mandou 69 processos para cá. Agora, os relatores estão vendo que têm processos sem nada sobre os deputados.

Izar disse que há pelo menos seis deputados inocentes na lista.

- São pessoas que não têm nada a ver com o assunto. Algumas já foram até punidas. Apenas cinco 'sanguessugas' ganharam eleição de 50 que disputaram. Os outros já haviam desistido, dando uma demonstração do erro - disse.

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