"Vamos retomar a cooperação com o país Haiti"

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Publicado Quinta, 26 de Janeiro de 2012 às 12:45, por: CdB

Bandeira do HaitiA frase-compromisso é do chanceler brasileiro Antonio Patriota, ao confirmar a viagem da presidenta Dilma Rousseff a Porto Príncipe no próximo mês. O chanceler negou que a visita tenha relação com problemas recentes surgidos com imigração haitiana para o nosso país.

O ministro de Relações Exteriores lembrou que esta visita oficial está agendada desde maio do ano passado, quando da posse do novo presidente Michel Martelly naquele país. Como já afirmei aqui, está mais do que na hora de o Brasil fazer um balanço de sua participação no Haiti. Nosso país comanda a Minustah, as forças militares multinacionais instituídas pela ONU para atuar no país.

É hora de o Brasil definir novos termos de cooperação, agora que o Haiti conta com um governo eleito e organizado. Cooperação, aliás, que deve mudar e se dar com base não apenas no apoio e na manutenção da ordem pública, mas no desenvolvimento do país.

Comunidade internacional ainda sem programa para recuperar Haiti

Na prática, a comunidade internacional ainda não definiu um programa de reconstrução do Haiti pós-terremoto de janeiro de 2010, que mereça esse nome. Além disso, mesmo todo o apoio dado pelo Brasil e outros países - como Cuba - nas áreas de saúde pública e segurança, ainda é insuficiente para o Haiti superar as consequências trágicas da guerra civil e do terremoto.

Patriota, também, afirmou que na pauta entre os dois países já está bem equacionada a decisão brasileira de permitir a entrada de até 1.200 haitianos aqui, por ano, para trabalhar. Sobre esta questão, já fiz minha análise em nota anterior: O Brasil precisa se preparar melhor para receber imigrantes e avaliar os pontos falhos de sua política externa nesta área.

No caso do Haiti - onde temos a maior presença militar na Minustah e o comando da tropa -, poderíamos ter exercido um papel de liderança para que a comunidade internacional não apenas socorresse o país do ponto de vista humanitário e de segurança, mas atuasse em seu desenvolvimento, apoiando saídas políticas e a retomada da reconstrução da economia.

Política imigratória precisa ser debatida e mudar

Por isso não ter sido feito é que, agora, gerou-se esta grande leva de imigrantes que chega de forma desorganizada e maciça em nosso país via fronteiras amazônicas, principalmente através do Acre. Esta questão imigratória transcende aos haitianos é será, sem dúvida alguma, um problema grave para o Brasil nos próximos anos.

É fato inconteste, teremos cada vez mais imigrantes chegando ao Brasil, aos milhões até, nas próximas décadas. Por isso repito: nós precisamos aprofundar e ampliar a integração sul-americana, e debater e rediscutir a política imigratória de nosso país.

 

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