Troca de acusações paralisa votação da reforma política

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Publicado Quarta, 28 de Março de 2012 às 13:46, por: CdB

Em uma intensa disputa política, a comissão especial mais uma vez não conseguiu iniciar a votação do relatório do deputado Henrique Fontana, que acusou colega do PMDB de “chantagem”. Eduardo Cunha, por sua vez, disse que o relator planeja “golpe”.

Luiz AlvesRelator Henrique Fontana (E) explica trechos do relatório a deputados da comissão especial.

Um forte embate político e regimental paralisou a reunião da Comissão Especial da Reforma Política que deveria discutir, nesta quarta-feira (28), o relatório elaborado pelo deputado Henrique Fontana (PT-RS), cujo principal eixo é o financiamento público exclusivo de campanha.

Avesso à proposta, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) tentou obstruir a reunião e foi duramente criticado pelo relator, que acusou o colega de estar fazendo chantagem para impor sua vontade. “Não posso aceitar a chantagem, que ele [Cunha] chegue e diga que se eu não aceitar a votação como ele quer, não haverá votação”, disse Fontana.

A declaração de Fontana foi uma reação à proposta de Cunha para que o relatório fosse votado por artigo ou por tema, e não integralmente, ressalvados os destaques, como defendeu o relator.

Disputa
Segundo o deputado do Rio Grande do Sul, a postura de Cunha explicita uma disputa histórica entre quem defende mudanças e quem prefere manter o sistema político atual.

“Não temos um impasse estratosférico [na comissão], mas uma disputa histórica que dura décadas. Tem gente que defende a política com financiamento privado e campanhas caras, e o Eduardo Cunha é um desses, que fará tudo para impedir a reforma política”, afirmou Fontana.

Cunha, por sua vez, acusou o relator de tentar dar “um golpe” aprovando um texto que não reflete a opinião dos deputados. “Gastei várias horas em reuniões com Henrique Fontana, que é muito educado, muito gentil, mas todos os parlamentares dizem que ele não acata sugestão de ninguém”, acusou Cunha.

“Não tenho do que me beneficiar [de financiamento privado]. Propus a ele duas medidas concretas: que votássemos ponto a ponto ou artigo por artigo. O problema é que Fontana quer votar a reforma dele do jeito dele, isso é golpe e ele não vai conseguir”, acrescentou.

Votação
Antes dessa discussão, Eduardo Cunha havia protagonizado outro embate, dessa vez com o presidente da comissão, deputado Almeida Lima (PPS-SE). A discussão começou após Lima manter a reunião mesmo com a falta de quórum registrada na votação da ata de um encontro anterior.

Cunha, que havia pedido a votação nominal da ata, cobrou o fim da reunião, mas o presidente alegou que a votação havia sido feita fora da Ordem do Dia da comissão, o que não inviabilizava a continuação dos debates.

Em meio à discussão, porém, o início da Ordem do Dia do Plenário da Câmara forçou o encerramento da reunião. O próximo encontro da comissão foi marcado para terça-feira (3).

Reportagem - Rodrigo Bittar
Edição – Daniella Cronemberger

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