As siderúrgicas chinesas ameçam náo assinar contrato de reajuste dos preços do minério de ferro com a Companhia Vale do Rio Doce, e estão negociando separadamente com mineradoras australianas, disseram representantes do setor siderúrgico.
As 16 maiores siderúrgicas da China, lideradas pela Baosteel Group, estão buscando alternativa ao aumento de 19 % nos preços do minério de ferro, já aceito pela siderúrgica alemã ThyssenKrupp o que foi seguido por outras empresas na Europa e Japão.
O interesse da China por mais poder de barganha nas negociações dos contratos neste ano, a ampla cobertura da mídia doméstica sobre as negociações e a insistência de executivos chineses de que os preços deveriam cair, tornam difícil para a Baosteel aceitar aumento de 19 %, já acertado pelas principais siderúrgicas internacionais.
- Pode ser melhor para a Associação de Ferro e Aço da China, chegar a um acordo com as australianas e comprar minério de ferro brasileiro no mercado à vista - disse um operador chinês do setor.
As siderúrgicas não podem arcar com os custos de se virarem contra a Vale e as outras duas maiores mineradoras, a Rio Tinto e a BHP Billiton, já que elas importam cerca de 50 % de minério de ferro dessas empresas, dizem autoridades do setor.
Nenhuma outra fonte fornece a matéria-prima em grande quantidade e alta qualidade como o Brasil e a Austrália, embora a produção chinesa esteja crescendo e as siderúrgicas do país estejam cada vez mais interessadas em investir em minas internacionais.
Se as siderúrgicas chinesas se recusarem a acertar acordo com a Vale, elas teriam de fazê-lo apostando que com isso haveria excesso de minério brasileiro no mercado à vista, o que pressionaria os preços.
Mas isso aumentaria a volatilidade dos custos de matérias-primas para as maiores siderúrgicas chinesas, que precisam estabilizar os preços. O tempo está se esgotando. Ofertas de preços da Índia, a maior fornecedora de minério no mercado à vista, já estão sendo atualizados para alcançar o aumento de 19 %.
As maiores siderúrgicas do mundo, incluindo Mittal Steel, Arcelor e a sul-coreana Posco, concordaram com o reajuste de 19 %.