Servidores federais ameaçam decretrar greve geral

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Publicado Quinta, 01 de Abril de 2004 às 19:58, por: CdB

Os policiais federais estão parados há mais de três semanas, os advogados da União há 17 dias e, enquanto as negociações caminham lentamente, servidores públicos federais ameaçam decretar a segunda greve geral do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Descontentes com uma proposta de reajuste salarial apresentado pelo Ministério do Planejamento no começo da semana, os servidores marcaram para o dia 14 deste mês uma paralisação geral de 24 horas e para o dia 18 uma assembléia para decidir se a greve será decretada.

Para os servidores da ativa, o governo apresentou uma proposta de reajuste salarial que varia de 10,79% até 29,38%, dependendo da área de atuação do servidor.

Os servidores prometem paralisar os serviços se o governo não conceder reposição salarial de 127,3% referente ao período de 1995 a 2002. Reivindicam também melhores condições de trabalho.

"Não queremos nada dessa proposta, porque essa greve é um pedido de reconstituição do papel do Estado. Um pedido de melhor infra-estrutura, correção de distorções", disse a diretora da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social (CNTSS), Miraci Mendes Astun.

Se for concretizada, a greve geral será a segunda em menos de um ano. Em 2003, os servidores federais fizeram paralisação entre junho e agosto com uma pauta de reivindicações, que a Coordenação Nacional das Entidades dos Servidores Federais (CNESF), classificou de "igual a deste ano".

CUT A FAVOR

O presidente da Central Ûnica dos Trabalhadores (CUT), Luiz Marinho, avaliou que o movimento dos servidores é uma resposta à maneira pela qual o governo Lula abriu as negociações.

"O governo criou uma expectativa de solução dos problemas acumulados, é natural que os movimentos queiram brigar, porque quem não grita, não leva", disse o sindicalista.

Marinho cobrou mais ação do governo e classificou a proposta do Ministério do Planejamento de liberar R$ 1,5 bilhão para o reajuste salarial de insuficiente. Para ele, os recursos deveriam ser elevados para R$ 2,5 bilhões.

"É preciso que os trabalhadores reconheçam que há uma disposição pela negociação e que o governo não vai resolver tudo de uma vez, mas é preciso começar a resolver".

A diretora do CNTSS afastou a idéia de que as greves estariam ocorrendo porque o governo tem base sindical. "O movimento sindical é autônomo e independente. Não é porque o Lula é presidente que os trabalhadores não iriam continuar lutando pelos direitos de cada categoria".

GREVES EM ANDAMENTO

Os técnicos da Receita Federal fizeram nesta quinta-feira uma paralisação de apenas 24 horas. Querem equiparação com os agentes da PF.

Os policiais federais por sua vez estão em greve desde 9 de março e reivindicam o cumprimento de uma lei de 1996 que prevê a elevação dos cargos de papiloscopistas, agentes e escrivães (categorias em greve) ao status de nível superior. Na prática, isso representa um aumento salarial de em média 35%.

Depois de um braço-de-ferro entre governo e policiais federais sobre a lentidão dos serviços nos aeroportos, um juiz do Distrito Federal determinou que a chamada "operação padrão" fosse suspensa desde terça-feira.

Os grevistas argumentam, entretanto, que a medida vale apenas para o DF e por isso não vão suspender a "operação padrão" nos outros aeroportos. A paralisação dos advogados da União começou no dia 15 de março. Eles reivindicam reajuste de 30 por cento e melhores condições de trabalho.

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