Serra antecipará anúncio de candidatura

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Publicado Terça, 08 de Janeiro de 2002 às 22:34, por: CdB

O ministro da Saúde, José Serra, do PSDB, vai antecipar o lançamento de sua pré-candidatura a presidente da República. Ele não resistiu às pressões de seu próprio partido, do presidente Fernando Henrique Cardoso e do avanço da candidatura de Roseana Sarney, do PFL. Além do mais, enfrenta a real possibilidade de uma dissidência tucana, liderada pelo governador do Ceará, Tasso Jereissati, em favor de Roseana. Os encontros entre os dois governadores passaram a ser freqüentes nos últimos meses. No dia 28, conversaram por mais de seis horas, no Palácio dos Leões, em São Luiz. "De hoje até o dia 31 Serra anunciará que é candidato", diz o líder do PSDB na Câmara, Jutahy Júnior (BA). Mas segundo o presidente nacional do PSDB, José Aníbal (SP), Serra não vai esperar até o dia 31. Serra não deverá se afastar imediatamente do ministério. Ficará por lá pelo menos por mais uma semana depois do anúncio de que é pré-candidato. É certo que no dia 19 de fevereiro ele reassumirá a sua cadeira de senador. Mesmo com a decisão de Serra de antecipar o lançamento de sua pré-candidatura e de parte do PSDB proclamar a existência, hoje, de um clima de paz no partido, a situação na legenda não é tranqüila assim. O governador do Ceará, Tasso Jereissati, que ensaia uma dissidência em favor da governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), recusou-se a comparecer nesta terça-feira à reunião dos governadores do Nordeste com o presidente Fernando Henrique. Mandou a clássica carta de desculpas. Disse que tinha uma reunião com todos os seus secretários. Depois de duas reuniões com o presidente Fernando Henrique em menos de 36 horas, Serra disse aos principais dirigentes do PSDB que vai esperar apenas o melhor momento para se declarar candidato. Antes de viajar para a França, no fim do ano passado, o ministro teve uma conversa com o deputado José Aníbal. Concordou que seria necessário fazer a antecipação do anúncio. Mas pediu que nada a respeito de sua decisão fosse divulgado antes do início de janeiro. "Senão, não faremos mais nada e nem teremos condição de festejar a passagem de ano", disse Serra ao presidente do PSDB. O próprio Serra tem dito que a situação do País hoje está muito melhor do que imaginava há poucos meses. Ele temia, por exemplo, que a alta do dólar afetasse o custo de vida e que isso causasse dificuldades para a sua campanha. Mas agora, com o dólar, senão em queda, pelo menos estabilizado em relação ao real, Serra afirma que ficou bem mais fácil enfrentar uma disputa na qual não conseguiu atingir ainda 10 pontos na preferência dos eleitores. Apesar de tudo levar a crer que a escolha de Serra vai ser tranqüila e que na pré-convenção de fevereiro ele será aclamado candidato, o PSDB não consegue se entender também na escolha do nome do marqueteiro que cuidará da campanha do ministro. Fernando Henrique quer o publicitário Nizan Guanaes, de quem é amigo, e que hoje cuida da imagem da governadora Roseana Sarney, potencial adversária de Serra. O ministro - que no final será quem decidirá qual será o marqueteiro e que tem dificuldades de convivência com Nizan Guanaes desde a campanha para a prefeitura de São Paulo, em 1996 - tem preferências por Nelson Biondi e, às vezes, recorre a Paulo de Tarso, que presta serviços ao PSDB. A luta por Nizan tem provocado desentendimentos entre o PFL e o PSDB.

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