Senadores dos EUA contra tarifação do etanol

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Publicado Terça, 11 de Janeiro de 2011 às 13:06, por: CdB

Dois senadores norte-americanos do Partido Republicano, John McCain (Arizona) e John Barrasso (Wyoming) visitaram o Brasil e fizeram declarações simpatícas, de apoio às queixas brasileiras contra o protecionismo de Washington, particularmente contra a prorrogação por seu país do subsídio ao etanol e da tarifa de importação sobre o produto até 31 de dezembro deste ano. Os EUA e o Brasil são os dois maiores produtores e consumidores mundiais de álcool combustível.

Depois de um encontro com a presidenta Dilma Rousseff no Palácio do Planalto, McCain - adversário derrotado pelo presidente Barack Obama (Partido Democrata) na disputa pela Casa Branca em 2008 - disse concordar com a chefe do governo brasileiro e reconheceu que provavelmente é ilegal a concessão desse subsídio perante as regras do comércio internacional.

"Acredito que a Organização Mundial do Comércio (OMC) vai decidir contra os Estados Unidos, porque é claramente um subsídio não justificado e que não respeita o estabelecido pela OMC", previu McCain. O senador Barasso defendeu a disponibilização de energia limpa o mais rapidamente possível a todos os cidadãos e adiantou também concordar com a presidenta brasileira. "(a tarifa dos EUA sobre o etanol brasileiro) não deveria existir", afirmou.

Setor sucroalcooleiro cobra ida à OMC

Em dezembro pp., o governo dos EUA prorrogou até o final de 2011 a tarifa de US$ 0,54 por galão sobre o etanol importado, e também o subsídio de US$ 0,45 por galão para as empresas que realizam a mistura de combustível. Mesmo antes dessa prorrogação, já há muito tempo o setor sucroalcooleiro brasileiro pressiona nosso governo a levar o caso à OMC. E o Brasil, inclusive, venceu os dois últimos processos movidos na Organização, contra os subsídios ao algodão nos EUA e ao açúcar na União Européia.

OK, em visita ao Brasil parlamentares norte-americanos se mostram simpáticos ao fim desses subsídios, mas no Congresso (Senado e Câmara dos Representantes) em Washington, ainda que os republicanos sejam menos protecionistas do que os democratas, votam a favor da instituição e/ou prorrogação de subsídios. Eu também, há tempos escrevo aqui no blog: o Brasil não tem opção, tem que ir a OMC contra o governo dos EUA e suas práticas ilegais - no caso essa tarifa e subsídio para impedir a entrada do etanol brasileiro no mercado norte americano.

Inclusive, porque um dos aspectos mais injustos desse subsídio é que as nossas exportações de etanol não afetariam a produção atual de etano de milho dos EUA, muito mais cara e menos eficiente (que o nosso etanol de cana), já que a demanda cresceria de forma progressiva se seu uso lá se tornar obrigatório como no Brasil.

 

Foto de Fábio Pozzebom/ABr

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