Rio: 117 comunidades com casas em áreas de alto risco

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Publicado Sexta, 07 de Janeiro de 2011 às 08:25, por: CdB
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Um mapeamento feito em 197 comunidades pobres da cidade do Rio de Janeiro indicou que 117 delas têm construções em áreas de alto risco, com cerca de 18 mil domicílios suscetíveis a deslizamentos em épocas de chuvas. Em nove dessas favelas, 100% do território foi considerado em área de alto risco, como o Morro do Chacrinha, na Tijuca (zona norte do Rio), e a comunidade da Matinha, na Rocinha (zona sul). O prefeito do Rio, Eduardo Paes, disse que será feito um planejamento de obras com base no diagnóstico e anunciou um plano de contingência para este verão. A partir desta semana, um sistema de alerta nas comunidades que começou a ser desenvolvido pela Defesa Civil após as tempestades de abril do ano passado será ampliado para alcançar moradores de todas as regiões em risco. Motivado pelas chuvas que causaram a morte de mais de 200 mortes, o mapeamento foi realizado pelo Instituto de Geotécnica do Município do Rio de Janeiro (Geo-Rio) e englobou a região do maciço da Tijuca e adjacências, abrangendo 52 bairros das zonas sul, norte, leste, oeste e do Centro. Ao longo deste ano, a Geo-Rio fará estudos nas áreas apontadas como críticas em cada comunidade para avaliar as medidas necessárias para eliminar o risco. Paes disse que o objetivo do mapeamento é guiar obras preventivas, e não partir para o reassentamento como solução. “Isso nem de longe quer dizer que vamos remover 21 mil famílias de suas casas”, afirmou Paes, ao apresentar o estudo a jornalistas. “Agora inicia-se a segunda fase do projeto, que é identificar quais intervenções são necessárias para que essas famílias lá permaneçam.” De acordo com Paes, a situação será sanada com obras de geotecnia e de contenção de encostas nos casos em que o risco puder ser eliminado. “Se não houver jeito ou se o custo for proibitivo, e for mais fácil comprar um apartamento no Leblon para cada um, então faremos o reassentamento.” O estudo identificou áreas de risco também em áreas formais da cidade, em bairros como Humaitá, Horto e a Lagoa Rodrigo de Freitas. Paes disse que nesses casos os moradores serão notificados, mas deverão arcar com as obras por conta própria. “É a vida como ela é”, respondeu o prefeito sobre a possibilidade de moradores dessas áreas se queixarem do tratamento diferenciado. Alerta por celular Na manhã desta quinta-feira, Paes se reuniu com líderes de associações de moradores das comunidades envolvidas para apresentar o estudo. Eles receberam os mapas das áreas de risco da região e aparelhos de celular para passar a receber os alertas da Defesa Civil sobre as condições climáticas. No ano passado, o órgão treinou 1,8 mil moradores para emitir o alerta às comunidades em casos de chuvas fortes, criando o Sistema de Alerta e Alarme Comunitário. Um torpedo é enviado avisando sobre o grau de alarme e o procedimento indicado. De acordo com Sérgio Simões, subsecretário de Defesa Civil do Rio, o sistema estabelece uma rede de comunicação entre a prefeitura e as comunidades. “Enquanto não se consegue conter todos os riscos, o que podemos fazer é organizar e tornar participativas as comunidades para reduzir os danos provocados por chuvas fortes”, diz. Os agentes já treinados estão presentes em 40% das comunidades com áreas de risco. Para que o sistema chegue às 117 favelas do estudo, líderes comunitários e moradores por eles apontados serão envolvidos. Eles receberão celulares e farão um curso de capacitação sobre defesa civil, primeiros socorros e meio ambiente. A presidente da Associação de Moradores do Borel (AMA-Borel), Roberta Ferreira, disse que os avisos serão divulgados em toda a comunidade com o sistema de alto-falantes lá existente. “Agora vamos ter uma comunicação da comunidade com a prefeitura e a Defesa Civil, algo que nunca tivemos”, afirmou. “Se isso já tivesse sido feito em outras épocas, muita gente poderia ter sido salva. Porque a comunidade não tem noção do que está acontecendo, ninguém entra na internet para saber se há um alerta de chuvas”, disse Roberta. De acordo com Eduardo Paes, a prefeitura captou R$ 172 milhões do governo federal por meio da segunda parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) para obras de contenção nas encostas. “A partir desse estudo vou pedir celeridade na liberação desses recursos. Mas obras são demoradas. Não imagino uma solução para esse problema em menos de cinco, seis anos. Mas agora temos um norte, um estudo sério, não é mais achismo.”
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