Ribeirão Preto cuida de pacientes em espera por vaga para internação psiquiátrica

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Publicado Sexta, 23 de Março de 2012 às 12:24, por: CdB

Ribeirão Preto, 24 de Março de 2012

Ribeirão Preto cuida de pacientes em espera por vaga para internação psiquiátrica
Pacientes são atendidos nas UBDS – Unidades Distritais de Saúde e Caps – e passam por avaliação periódica

 

Foto MateusZF

Fachada da UBDS central, uma das unidades da rede municipal, onde pacientes aguardam vaga em hospitais psiquiátricos

 
A pouca quantidade de leitos para  a internação de pacientes com problemas psiquiátricos em Ribeirão Preto tem obrigado a Secretaria Municipal de Saúde a prestar o atendimento até que a vaga seja disponibilizado pelo Estado. Até sexta-feira, dia 23, o município prestava atendimento a 17 pacientes que aguardavam vagas em hospitais psiquiátricos: 1 no Núcleo de Saúde da Família, 3 na UBDS Cuiabá, 1 no Quintino, 2 na Central, 2 na Vila Virgínia e 8 no Caps. “Temos todos os pedidos documentados. Assim que o médico solicita a internação do paciente, nós emitidos um documento solicitando vaga de acordo com o caso apresentado”, explica o médico Leonel Reges Figueira Filho, responsável pela Central de Regulação.

Ele explica que, de acordo com protocolo existente, a prioridade de internação imediata, inclusive na vaga zero (quando o hospital está com todas as vagas ocupadas, mas recebe o paciente), é para pacientes com ideias suicidas ou que tentou o suicídio. “Esse paciente tem prioridade sobre todos os outros”, explica ele.

No entanto, aqueles que não se enquadram nessa situação têm que aguardar a vaga nos hospitais. Como não existe um espaço intermediário entre a internação e o atendimento, os pacientes ficam nas UBDS – Unidades Distritais de Saúde ou no CAPS – Centro de Atenção Psicossocial. “É importante ressaltarmos que o paciente que está na UBDS ou no CAPS está sendo avaliado periodicamente pelos psiquiatras da rede e não estão desassistidos”, alerta o secretário da Saúde Stênio Miranda. “Embora o atendimento seja prestado, esses espaços não são adequados para este atendimento.”, garante.

O médico Alexandre Firmino Souza Cruz, coordenador da Saúde Mental em Ribeirão Preto, diz que a situação enfrentada hoje se deve à reforma psiquiátrica realizada nos anos 90 e que fechou várias instituições. “Essa reforma fechou mais de mil leitos psiquiátricos nesta região”, explica o médico.

Segundo ele, medida semelhante aconteceu na Itália, mas, após o fechamento dos leitos, foram abertos Centros de Alta Reabilitação que preveem a internação por até 18 meses de alguns pacientes. “Aqui os defensores da reforma psiquiátrica fecharam os leitos, mas não colocaram outra alternativa em funcionamento que permitisse assistência aos pacientes”, acrescenta.

A situação é tão crítica que, por conta do tempo de espera, alguns pacientes como os que estão em crise de abstinência alcoólica e que precisam de internação, acabam enfrentando suas crises dentro do Caps ou da UBDS.

Hoje, os pacientes de Ribeirão Preto dependem das 128 vagas disponíveis no Hospital das Clínicas, Santa Tereza e Santa Rita do Passa Quatro. “Elas são insuficientes para a demanda da região”, justifica.

O médico explica que existe uma proposta em andamento, junto à 13ª DRS – Divisão Regional de Saúde-, que prevê a unificação da lista de espera e sua informatização. “Mas a proposta vem condicionada a uma internação de 72 horas por paciente. Isso não atende a demanda. Esse prazo é insuficiente”, alerta.

O psiquiatra defende a união dos secretários municipais da saúde região na busca de alternativas que possam resolver o problema e não apenas paliativamente.

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